Dossier sobre pesquisa na web

O mais recente número da revista Journal of Computer-Mediated Communication, JCMC (Vol. 12, n.3, April 2007) é um número duplo, sendo a primeira parte dedicada ao tema “The Social, Political, Economic, and Cultural Dimensions of Search Engines”. Dela se destacam os artigos seguintes:

A segunda parte deste número da revista aborda o tema “Cross-Cultural Perspectives on Religion and Computer-Mediated Communication”.

Leituras da circulação da imprensa

Photo Sharing and Video Hosting at Photobucket

UNESCO publica currículo de Jornalismo

Photo Sharing and Video Hosting at PhotobucketFoi por estes dias apresentado e discutido no Congresso Mundial sobre Ensino do Jornalismo, que tem estado a decorrer em Singapura. Destina-se em particular aos países em desenvolvimento e democracias emergentes, mas contém indicações úteis para outros contextos. Intitula-se “Model Curricula for Journalism Education for Developing Countries & Emerging Democracies” e acaba de ser editado pela UNESCO, encontrando-se disponível no site desta organização.

O documento surge na sequência de mais de um ano de trabalhos preparatórios e de consultas com profissionais, académicos, gestpres e responsáveis de instituições de diferentes partes do mundo, ligados directa ou indirectamente à formação de jornalistas.

Assumindo-se como um referencial susceptível de adaptações a contextos específicos, o livro (de 150 páginas) irá ser traduzido nas principais línguas e o seu conteúdo tomado como motivo de um fórum para formadores interessados em partilhar e debater experiências nesta matéria.

O seguinte apontamento dá ideia da filosofia seguida na concepção da arquitectura deste modelo curricular:

“There are three categories of courses in these curricula, corresponding to the three axes: professional practice, journalism studies, and arts and sciences. Assigning each course in the three-year bachelor’s program to one of these categories, and assigning each course the credit value we think it deserves, we estimate that in the first year 20% of coursework is in professional practice, 10% in journalism studies, and 70% in arts and science. In the second year, the percentages are 40%, 20% and 40%. In the third year, 80% of courses are in the professional category and 20% in arts and science. Those percentages add up to the following balance for the threeyear bachelor’s program: professional practice, 47%; journalism studies, 10%; arts and science, 43%. We stress that this is an estimate. The credit value for individual courses should be calculated according to the system in place at each educational institution and the number of courses students are expected to take each year. Looked at a little differently, the balance for the three-year program may be calculated as: professional practice, 40%; journalism studies, 10%; arts and science, 50%.”

Indústria dos media em crescimento

A indústria do entretenimento e dos media regista um crescimento sustentado e o seu volume de negócios deverá aumentar a um ritmo de 6.4% ao ano, de acordo com um estudo da PricewaterhouseCoopers Global Entertainment and Media Outlook 2007-2011, há dias divulgado.
Segundo esta fonte, a Internet, a distribuição de TV e os videojogos são os sectores que conhecerão crescimentos mais acentuados, enquanto que o Brasil, a Rússia, a Índia e a China se apresentam como os países que puxarão esse crescimento para cima.

Deuze entrevista Bauman

Mark Deuze publica no seu blog – em três partes (1, 2 e 3) – uma entrevista que fez em Maio de 2006 ao sociólogo Zygmunt Bauman.
A conversa, enquadrada por considerações teóricas e anotações, será publicada num dos próximos números da Journalism Studies.
Excertos das respostas:

(Net)
In my view, both Castells and Scott fall victims of internet fetishism fallacy. Network is not community and communication not integration – both safely equipped as they are with ‘disconnection on demand’ devices. By many academics internet and world-wide-web have been greeted as the wondrous alternative and replacement for the wilting and fading political democracy, with yet more enthusiasm and less criticism than the market.

(Blogs)
I don’t believe in the possibility of changing the substantive, hard and fast conditions of human life with the help of creating new blogs and adding to the millions of websites. I even suspect it may be dangerous in the long run: it gives people who are engaged, committed, wishing to change something important in the world, an illusion of action.

(Jornalismo)
Are the journalists (which ones? How many?) Motivated by the wish to ‘reproduce community’ and supply it with ‘cement’? Or are they really interested (which ones? How many?) in being first to bring the news whatever the news might be, providing it is likely to sell the papers? Neither you nor me know for sure.

Leituras

  • Moragas i Spa, M. (org.) Informe de la Comunicación en Cataluña 2005-2006. Para já existe apenas a versão em catalão. A versão em castelhano vem a caminho. “(…) proyecto de carácter bienal del Instituto de la Comunicación de la Universidad Autónoma de Barcelona (InCom-UAB), dedicado a describir y analizar los diferentes sectores de la comunicación en Cataluña. El objetivo principal del Informe, que sigue una línea bastante extendida en Europa, es ofrecer una visión global y sintética del campo de la comunicación durante el período estudiado, destacando sus aspectos y tendencias más relevantes, con la finalidad de convertirse en una herramienta de apoyo para la investigación, los académicos, los profesionales y las políticas de comunicación de Cataluña”.

Fórum Web 2.0

O Britannica Blog está a promover um debate sobre a Web 2.0. Parece-me, pelo pouco que li, tratar-se de um espaço de leitura imprescindível para quem tem interesse no assunto.
Retiro, do que escreveu um dos meus ‘bloggers’ favoritos – Nicholas Carr – dois excertos da resposta a um post anterior de Michael Gorman:

Contemplative Man, the fellow who came to understand the world sentence by sentence, paragraph by paragraph, is a goner. He’s being succeeded by Flickering Man, the fellow who darts from link to link, conjuring the world out of continually refreshed arrays of isolate pixels, shadows of shadows.
(…)
What’s happening here isn’t about amateurs and professionals. George Washington was an amateur politician. Charles Darwin was an amateur scientist. Wallace Stevens was an amateur poet. Talent cannot be classified; it’s an individual trait. What’s happening here isn’t even really about expertise or its absence. The decisive factor is not how we produce intellectual works but how we consume them. (…) It’s our mode of consumption that is going to shape our intellectual lives and even, in time, our intellects. And that mode is shifting, rapidly and inexorably, from page to web.

Blogosfera e “o país desconhecido”

“(…) A vantagem fundamental da blogosfera sobre os media tradicionais como fonte de informação e de auscultação do país é a da pluralidade e a da liberdade. Com todas as virtudes e, também, com todos os riscos da liberdade. Jornais e TV têm patrões, e estes interesses. Em contrapartida, qualquer cidadão pode criar um blogue e divulgar nele o que quiser, factos (algum do melhor jornalismo de investigação que hoje se faz em Portugal tem sido publicado na blogosfera) ou opiniões. Por isso, a blogosfera tanto pode ser lugar da verdade como da calúnia (do mesmo modo, hèlas!, que jornais e TV), e daí que ela seja também um desafio constante à maturidade crítica de cada leitor. Até porque o que é dito num blogue pode ser (e é) controvertido em tempo real, seja nas caixas de comentários seja no blogue do lado. A comparação da agenda da blogosfera com a dos media tradicionais dá uma ideia do enorme desfasamento que hoje existe entre estes e o país. Talvez os analistas da crise da imprensa devessem debruçar-se sobre isso”.

Manuel António Pina,O país desconhecido“, in Jornal de Notícias, 25.6.2007

Reflectir a prática jornalística

Acaba de sair o 2º número da nova revista “Journalism Practice“, editada pela Routledge. O número inaugural já é de Fevereiro, mas o seu conteúdo pode ser consultado online, mediante registo prévio. Deixo aqui um panorama de alguns dos textos aí publicados:

  • INNOVATIONS IN CENTRAL EUROPEAN NEWSROOMS – Overview and case study, de Klaus Meier
  • FROM “KNOWING HOW” TO “BEING ABLE” – Negotiating the meanings of reflective practice and reflexive research in journalism studies, de Sarah Niblock
  • SETTING THE RECORD STRAIGHT – When the press errs, do corrections follow?, de Scott R. Maier
  • STORIES FROM PLANET FOOTBALL AND SPORTSWORLD – Source relations and collusion in sport journalism, de John Sugden e Alan Tomlinson
  • HOW THE WORLD LOOKS TO US – International news in award-winning photographs from the Pictures of the Year, 1943-2003, de Keith Greenwood; C. Zoe Smith
  • REPORTING THE EUROPEAN UNION – An analysis of the Brussels press corps and the mechanisms influencing the news flow, de Karin Raeymaeckers; Lieven Cosijn; e Annelore Deprez
  • RICH MEDIA, POOR JOURNALISTS – Journalists’ salaries, de Stephen Cushion

Rever o conceito de imparcialidade

Dar voz a ambas as partes de uma argumentação poderá, por vezes, ser um refúgio tranquilo para o jornalismo, mas a imparcialidade que se exige no presente precisa de contemplar matizes mais complexos – este terá sido o ponto de partida para um estudo elaborado pela BBC que agora foi publicado.
Safeguarding impartiality in the 21st century” aponta no sentido de uma reconsideração permanente do conceito por todos os envolvidos no processo de produção informativa e deixa, como complemento aos ‘editorial guidelines’ da casa, 12 novos princípios.

Grande Prémio Gazeta para Jacinto Godinho

Os prémios Gazeta, instituídos pelo Clube de Jornalistas em 1984, acabam de ser atribuídos na edição deste ano, relativa a trabalhos de 2006. E são os seguintes:

  • Grande Prémio Gazeta: Jacinto Godinho, da RTP1, pela série “Ei-los que partem – História da Emigração Portuguesa”, em reconhecimento – diz o JN, citando a Lusa – do “rigor com que a informação recolhida foi tratada, a multiplicidade de géneros jornalísticos utilizados – da entrevista, à reportagem e ao comentário – a clareza do texto produzido, a fluidez e pertinência das imagens transmitidas”.
  • Prémio Gazeta de Mérito: Manuel António Pina, ex-jornalista e actual cronista do Jornal de Notícias e da Visão, por ser um “cronista brilhante e exemplar” e “uma referência ética e cívica do jornalismo português”.
    • Prémio Gazeta Revelação: João Pacheco, da revista Pública, pelos trabalhos “Guardadores de sementes”, “O almoço ilegal está na mesa” e “Caça à pedra maneirinha”.
    • Prémio Gazeta Imprensa Regional: revista mensal Mais Alentejo.

    Ler: Comunicado do Júri.

    Morte de “Arrêt sur Images”

    O programa da France 5 “Arrêt sur Images“, que analisava a própria televisão, acaba de ser suspenso, sem que os responsáveis do canal tenham fornecido qualquer tipo de explicação. Daniel Schneidermann, que animava há 12 anos este espaço singular, já vinha dando sinais, desde o princípio deste mês, de que algo podia acontecer.

    Alguns analistas não perderam tempo a relacionar este facto com a recente vitória de Sarkozy e das ligações que ele tem no campo mediático. Assim como não falta também quem se congratule com a decisão da France 5. O que é verdade é que um espaço único e raro nas televisões foi silenciado. Por mais de uma vez me servi de casos e materiais analisados e debatidos no “Arrêt sur Images” e de que ainda se pode encontrar matéria relevante no respectivo arquivo que se mantém operacional.

    Ver: dossier publicado pelo site ACRIMED.

    Clube de Jornalistas

    A edição de hoje do programa Clube de Jornalistas (a emitir pela RTP2, depois

    das 23h30) «vai discutir a profissão de jornalista, a pretexto de dois livros lançados recentemente: “Jornalistas – do oficio à profissão”, de Fernando Correia e Carla Baptista, e “Os Jornalistas portugueses”, de Sara Meireles Graça.» São convidados os respectivos autores e haverá depoimentos de José Carlos Vasconcelos e de Adelino Gomes.

    Manuel José Lopes da Silva

    Morreu hoje o Prof. Manuel José Lopes da Silva. Era Professor Catedrático Jubilado da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa. Foi fundador e director de investigação da RTP até 1987 e era sócio fundador da SOPCOM – Associação Portuguesa de Ciências da Comunicação.

    As experiências de um Repórter de Guerra

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    Muitos foram os palcos de conflito armado por onde passou o jornalista da RTP Luís Castro: Cabinda, Timor, Guiné, Iraque… Significativo o número de reportagens resultantes desse seu trabalho: mais de quatrocentas. Imperdíveis serão certamente as “estórias” que estão por detrás das imagens retidas pelas câmaras de TV ou das palavras seleccionadas para reportar o que estava a acontecer. Depois de rever incalculáveis folhas dos blocos de apontamentos, de visionar várias centenas de horas de imagens em bruto e de trocar várias impressões com os repórteres de imagens que o acompanharam nessas viagens por cenários de conflito armado, Luís Castro passou para o papel as experiências mais significativas que vivenciou. O resultado desse minucioso trabalho está no livro Repórter de Guerra, editado pela Oficina do Livro.

    A apresentação desta obra está agendada para a próxima quinta-feira (dia 21 de Junho) às 18h30 na FNAC-Colombo, em Lisboa, e será feita pelo jornalista e professor universitário José Rodrigues dos Santos (autor de uma tese de doutoramento sobre a temática do jornalismo de guerra) e pela escritora Margarida Rebelo Pinto.