O Público tem anunciado para sexta-feira próxima a publicação do seu ranking de escolas, depois de ter criticado duramente a ministra da Educação por ela não ter seguido, este ano, a prática de dar com antecedência, relativamente à deadline de embargo, acesso à base de dados sobre o assunto.
Escreveu José Manuel Fernandes, em editorial:
“A ministra, que sabe trabalhar com estatísticas, deveria perceber que, (…) para apresentar resultados fiáveis e sérios é necessário submeter a “um conjunto de testes estatísticos” as tabelas que os computadores nos fornecem. Mais: tinha obrigação de saber que, se alguma coisa nos mostra a experiência iniciada em 2001, é que a imprensa pode acrescentar valor se tiver oportunidade de visitar as escolas que se destacam pela positiva e pela negativa, divulgando casos de boas e más práticas. Isso também exige tempo. Sendo tudo do mais elementar bom senso, a escolha do Ministério foi a de disponibilizar os dados em bruto e, assim, dizer à imprensa que venceria quem os tratasse mais depressa. Mais depressa não é sinónimo de melhor. Optar pela correria é optar pela ausência de ponderação, de aprofundamento, o que está bem se preferirmos o jornalismo tablóide, não se escolhermos qualidade e rigor. O PÚBLICO recusou este jogo (…)”
O DN, por sua vez, forneceu, em caderno especial publicado na última quinta-feira, o seu próprio ranking e aproveitou a oportunidade para enviar várias indirectas ao seu concorrente.
“Se dependesse apenas de nós, teríamos publicado a informação integral ontem. É isso que exige o compromisso que assumimos com os leitores: dar-lhes informação relevantes sempre que a tivermos à nossa disposição, e o mais rapidamente possível. Publicar este suplemento daqui a uma semana ou seis meses nunca foi opção. Esses são prazos académicos, não jornalísticos. Por isso, no primeiro dia publicámos a informação essencial e hoje aprofundamo-la. Além disso, o DN não tem, em momento algum, a arrogância de querer impor os critérios que escolheu como correctos. Porque critérios são apenas isso: critérios. Todos subjectivos, todos frágeis, todos iguais, pelo facto de serem aplicados a uma base meramente numérica(…)”.
É certamente discutível este argumento de que os critérios sejam todos iguais. São seguramente discutíveis, como discutível é o do próprio DN e discutível será o que o Público irá utilizar no seu trabalho. Mas é também certo que o DN fez o seu trabalho o melhor que foi capaz (é gratuita – pelo menos quando afirmada sem provas – a insinuação de que este jornal terá tido acesso à informação do ME em condições vantajosas).
E dá-se este facto curioso e original: hoje mesmo, o Público traz duas peças de colaboradores seus – Vital Moreira e Rui Tavares – a comentar os rankings, antes de o jornal ter dado aos seus leitores os elementos informativos sobre os quais os comentários são tecidos.
Enquanto ficamos à espera do tratamento dos dados e do(s) ranking(s) do Público, uma pergunta fica, desde já no ar: que balanço fará a Direcção do jornal da opção editorial que tomou?
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