Abertas inscrições para os mestrados da UMinho

Encontram-se abertas, até 4 de Setembro, as candidaturas aos mestrados de Ciências da Comunicação da Universidade do Minho, com especializações em:

  • Audiovisual e Multimédia
  • Informação e Jornalismo
  • Publicidade e Relações Públicas.

Ao curso podem concorrer candidatos que tenham completado um 1º Ciclo (ou equivalente).

O 1º ano do mestrado é constituído por actividades lectivas envolvendo uma componente teórica e outra laboratorial. O 2º ano compreende um estágio numa empresa ou instituição ligada à área do mestrado ou a participação num projecto de investigação, com a redacção e apresentação pública final de um relatório ou dissertação.

Mais informação: AQUI

A “tradição estival das não-notícias”

“Ou é o Verão que já não é o que era ou é o jornalismo. (…) Dir-se-ia que todos os jornalistas por assim dizer criativos meteram férias ao mesmo tempo e que nas redacções só ficou gente antiquada e sem brio profissional que se comporta como se o dever dos jornalistas fosse apenas dar notícias e não inventá-las quando as não há. Louve-se, pois, o “Público” que, com o estranho caso das talvez-escutas (não é propriamente uma onda de crimes horrorosos, mas é melhor que nada), luta sozinho e mal acompanhado para não deixar morrer a estimulante tradição estival das não-notícias”.

Manuel António Pina, in Jornal de Notícias, 26.8.09 (versão integral AQUI)

Os media no projecto europeu

“Union Européenne: des Médias sous Influence” é o tema e título do artigo de José Manuel Nobre-Correia publicado no mais recente número de Cahiers du Journalisme.
A perspectiva que desenha este investigador da Universidade Livre de Bruxelas não é particularmente entusiasmante, no que se refere ao contributo que este sector dos media pode dar ao desenvolvimento e consolidação do projecto europeu. Alguns motivos que aponta, já nas conclusões:

À partir des années 1950-1960, le cinéma a lentement perdu sa caractéristique de spectacle qui réunissait de larges publics dans des salles qui étaient d’ailleurs le plus souvent particulièrement vastes. Et l’évolution du secteur de la télévision comme d’Internet ne pourra que favoriser la fragmentation (temporelle) du public et un accès chaque fois plus individualisé. Comme si la fragmentation linguistique de l’espace européen ne suffisait pas, la fragmentation des audiences des vieux médias « de masse » ne facilitera en rien la construction d’un espace commun européen sur les plans social et culturel. Et ne facilitera en rien, c’est l’évidence, l’affirmation de l’Europe au plan international face aux puissances ou hyperpuissances actuelles et celles dont on entrevoit déjà l’émergence…

O texto integral: AQUI.

O jornalismo, a economia e a economia do jornalismo

O número de Outono da revista científica franco-canadiana “Les Cahiers du Journalisme” dedica o grosso da edição ao tema “A economia do jornalismo”. E precisamente em torno de um assunto que poderia fazer esperar um tom negativo no discurso, é de renovação e de esperança que dá conta o editorial da revista:
“Os avinagrados e outras cassandras enganaram-se mesmo. Haviam anunciado o fim de uma profissão. Não era, afinal, senão o fim de uma época. O jornalismo – a evidência o mostra – tem diante de si dias radiosos…”.
Nem mais. É o que diz o chefe de redacção, que acredita que as novas gerações já é neste novo registo que estão a lançar-se à vida.
Alguns dos textos deste número:

ACT.: O número de Julho/Agosto da Columbia Journalism Review trata do mesmo assunto.

Gripe A: os limites da informação

O Ministério da Saúde tem actuado com um cuidado extremo ao nível da gestão da informação no que diz respeito à gripe A. Em momentos particularmente sensíveis, tem havido conferências de imprensa ou a divulgação de comunicados que, e muito bem, têm também a função de neutralizar situações de pânico. A Direcção Geral de Saúde também tem demonstrado que está atenta e é actuante. Ontem, os media começaram a noticiar dois casos  de pessoas que, segundo os relatos jornalísticos, estavam internadas no Hospital S. João, em estado grave. Em declarações aos jornalistas, o Secretário de Estado da Saúde arriscou dizer que os pacientes corriam risco de vida. Mais tarde, em entrevista à RTP, Margarida Tavares, adjunta da direcção clínica pelo plano de contingência da gripe A, no Hospital S. João, confrontada com a questão de se saber qual o estado clínico destes pacientes,  recusou-se a responder de forma directa, argumentando que estava a falar de “doentes reais”.  Num contexto em que gradualmente surgem mais casos de gripe A, e consequentemente, casos mais graves, é urgente pensar naquilo que se deve, ou não, dizer em público acerca dos doentes. Porque o discurso das fontes acarreta consigo pessoas que têm o direito à privacidade . Hoje, no site do ‘Público’, até se escreve isto: “Um dos dois pacientes que estavam internados em estado grave no Hospital de S. João, no Porto, está curado”. A fonte que assume a informação é um médico do Hospital de S.João. No twitter, houve já algumas pessoas que me recordaram que o Secretário de Estado da Saúde também é médico. Tal como a Ministra que tutela este campo, poderia eu acrescentar. Mas não é nesse estatuto que esses interlocutores são ouvidos e, como ocupam lugares de relevo, o cuidado com a informação deve ser maior. Como tem sido neste passado recente. Haver um deslize não implica uma desvalorização do que tem sido feito, mas também não pode significar um esvaziamento da discussão destas questões. Pelo contrário. É preciso abrir este debate para que a comunicação que se desenvolve em público tenha cada vez menos ruído.

No deserto de alguém…

ol-desertomst«Todos têm terror do silêncio e da solidão e vivem a bombardear-se de telefonemas, mensagens escritas, mails, e contactos no Facebook e nas redes sociais da Net, onde se oferecem como amigos a quem nunca viram na vida. Em vez do silêncio, falam sem cessar; em vez de se encontrarem, contactam-se, para não perder tempo; em vez de se descobrirem, expõem-se logo por inteiro: fotografias deles e dos filhos, das férias na neve e das festas de amigos em casa, a biografia das suas vidas, com amores antigos e actuais. E todos são bonitos, jovens, divertidos, “leves”, disponíveis, sensíveis e interessantes. E por isso é que vivem esta estranha vida: porque, muito embora julguem poder ter o mundo aos pés, não aguentam nem um dia de solidão. Eis porque já não há ninguém para atravessar o deserto. Ninguém capaz de enfrentar toda aquela solidão.»

Miguel Sousa Tavares

«No teu deserto» não é um livro sobre o qual se escreva à partida neste blogue. Porque é um «quase romance»? Talvez… Mas é um livro depois do qual há um certo silêncio que se apetece… sobretudo quando se chega de um deserto que não estamos habituados a habitar por não sermos capazes de dispensar as palavras. Dispenso-as agora, as palavras, por saber que os que entrarem (ou já entraram) nesse deserto não precisarão que se justifique este desvio nas linhas nada romanceadas de um ‘caderno de notas’, como é este blogue, cheio de etiquetas categoriais que não servem nem o silêncio nem a solidão.