Por um ‘jornalismo de escuta’

“Jornalismo, crises e Democracia” é o lema da conferência nacional de jornalistas que se realiza no próximo dia 24, em Lisboa, por iniciativa do Sindicato representativo deste grupo profissional.

O debate sobre o sector e “as formas de intervenção nas redacções e na sociedade” são objectivos da Conferência que pretende ser também um “passo” para o 4.º Congresso dos Jornalistas Portugueses.
Os jornalistas têm motivos de sobra para se reunirem e reflectirem entre si, certamente. Com as gigantescas transformações que estão à vista devem ser o único grupo profissional que não reúne vai para década e meia. Cobrindo congressos de todos os outros organismos, não conseguiu arranjar tempo e motivação para ser ele próprio e o seu papel na sociedade motivo de encontro. Só isso já diz bastante das dificuldades e contradições que se foram agudizando no seu seio e nos contextos organizacionais em que exerce o metier.
Mas, dito isto, e correndo o risco de parecer contraditório, acrescentaria que os jornalistas não vencerão os impasses e desafios com que se deparam se pretenderem enfrentá-los sozinhos. Mais do que no passado, o jornalismo encontra-se hoje no epicentro de um ciclone que afeta não apenas as redacções e grupos de media, ainda que de forma diferenciada, mas o próprio regime democrático, sentido primeiro e último do próprio jornalismo.
Parece-me vital que a profissão se abra aos contributos de todos os sectores da sociedade que também estão seriamente preocupados com o futuro do jornalismo – associações e movimentos culturais, sociais e políticos, alguns setores da economia, centros de investigação e ensino, entre outros. Como poderão os jornalistas e suas associações (e não apenas o seu sindicato) servir melhor a sociedade se não se puserem à escuta do que esperam os cidadãos e do que estes podem dar?
Temo que se a Conferência Nacional que se avizinha for mais um momento para as lamentações do costume ou para “explicar à sociedade” os problemas da profissão será pouco mais do que tempo perdido. A profissão estiolará se se autocentrar e se puser a falar para si mesma. Poderá redescobrir-se e fortificar-se se for inovadora no modo de enfrentar as dificuldades. E isso passa por escutar mais os anseios, lutas, contributos e esperanças que germinam na sociedade e que são frequentemente silenciados no espaço público.

(Texto publicado no Página 1, da Renascença, em 12.11.2012)

“Pela liberdade de investigação”

Na sequência de anos de investigação detalhada, complementada por uma atividade de abertura a contributos externos através de um blog, Sérgio Denicoli, membro desta equipa, defendeu com mérito a sua tese de Doutoramento sobre a implantação da TDT em Portugal.
O que ali descreve em detalhe mostra-nos que o regulador, a Anacom, se comportou como um organismo capturado pela PT, algo que a organização Transparency Internacional diz ser ‘uma prática de corrupção’.
Sérgio Denicoli disse isto na apresentação do seu trabalho e disse isto aos jornalistas que o abordaram.
Foi, de imediato, ameaçado com processos judiciais pela PT (em primeiro lugar) e pela Anacom (em segundo). Foi ainda (em terceiro) alvo de uma absolutamente inédita declaração do presidente formal do júri que o aprovou por unanimidade como Doutor em Ciências da Comunicação .

Esta sucessão de eventos mereceu já reações várias.
Neste blog – que se solidariza por inteiro com o Sérgio Denicoli – deixamos um texto assinado esta noite pelo Manuel Pinto num outro espaço, justificando o apelo a uma mobilização mais ampla contra as tentativas de condicionamento da investigação académica.

“Apoio esta petição porque entendo não ser aceitável condicionar a investigação a não ser ao rigor do método científico e à verdade permanente procurada.
Porque entendo que os cientistas (e poderia dizer também os jornalistas e outros profissionais que contribuem para o conhecimento do mundo em que vivemos) não se podem alhear dos problemas dos seus concidadãos.
Porque hoje os investigadores, ainda que fazendo trabalho autónomo e original, como é suposto num doutoramento, trabalham em equipas e os resultados alcançados devem ser assumidos pelas equipas, pelos centros de investigação e pelas instituições de que esses centros fazem parte.
Integrei o júri do Sergio Denicoli, li com atenção o trabalho que apresentou e achei-o teorica e metodologicamente bem fundamentado e com resultados que são relevantes para compreender o que se tem passado no país relativamente à TDT, custe a quem custar, e até mesmo para equacionar o que se poderá fazer no futuro [Deste ponto de vista, julgo que a RTP também não sai bem do estudo que originou esta polémica, ainda que seja por omissão].
A verdade é que do estudo intenso e da participação activa nos debates, Sérgio Denicoli, que veio para Portugal estudar, tendo no Brasil uma carreira jornalística promissora na Globo, é hoje um dos poucos especialistas sobre a televisão digital terrestre em Portugal, do ponto de vista das políticas públicas.
Assim, ele veio do Brasil, fez entre nós o mestrado e o doutoramento, teve uma bolsa da FCT e devolveu ao país tanto ou mais do que aquilo que o país lhe deu. O Centro de Estudos de Comunicação e Sociedade da Universidade do Minho só pode estar-lhe grato pelos territórios novos que abriu no seu seio, visível nos artigos e livros de que é autor.
Mas este não é só um caso individual: mal iríamos se os investigadores começassem a medir as consequências e os riscos de eventuais choques com poderes instalados, quando definem as suas problemáticas de pesquisa. A auto-censura como forma de antecipar a censura e a perseguição posteriores seria uma ruína para a ciência, para a academia e para o país. Por isso é preciso assinar esta petição e convidar outros cidadãos a fazê-lo também.”

Para assinar a petição, clicar AQUI.

Petição “Pelo Jornalismo, pela Democracia”

Está desde há dias a recolher assinaturas a petição “Pelo Jornalismo, pela Democracia”, uma iniciativa de perto de uma centena de jornalistas, ex-jornalistas e académicos ligados à área do jornalismo. A petição desafia todos os cidadãos a “empenhar-se [na] defesa de uma imprensa livre e de qualidade e a colocar os seus esforços e a sua imaginação ao serviço da sua sustentabilidade”.  Os destinatários não são apenas jornalistas ou outros profissionais dos media, mas todos os cidadãos. O texto, acompanhado da lista dos proponentes, é publicado abaixo. Para assinar, clicar AQUI:

“Pelo jornalismo, pela democracia 

A crise que abala a maioria dos órgãos de informação em Portugal pode parecer aos mais desprevenidos uma mera questão laboral ou mesmo empresarial. Trata-se, contudo, de um problema mais largo e mais profundo, e que, ao afectar um sector estratégico, se reflecte de forma negativa e preocupante na organização da sociedade democrática. 
O jornalismo não se resume à produção de notícias e muito menos à reprodução de informações que chegam à redacção. Assenta na verificação e na validação da informação, na atribuição de relevância às fontes e acontecimentos, na fiscalização dos diferentes poderes e na oferta de uma pluralidade de olhares e de pontos de vista que dêem aos cidadãos um conhecimento informado do que é do interesse público, estimulem o debate e o confronto de ideias e permitam a multiplicidade de escolhas que caracteriza as democracias. O exercício destas funções centrais exige competências, recursos, tempo e condições de independência e de autonomia dos jornalistas. E não se pode fazer sem jornalistas ou com redacções reduzidas à sua ínfima expressão. 
As lutas a que assistimos num sector afectado por despedimentos colectivos, cortes nos orçamentos de funcionamento e precarização profissional extravasa, pois, fronteiras corporativas. 
Sendo global, a crise do sector exige um empenhamento de todos – empresários, profissionais, Estado, cidadãos – na descoberta de soluções. 
A redução de efectivos, a precariedade profissional e o desinvestimento nas redacções podem parecer uma solução no curto prazo, mas não vão garantir a sobrevivência das empresas jornalísticas. Conduzem, pelo contrário, a uma perda de rigor, de qualidade e de fiabilidade, que terá como consequência, numa espiral recessiva de cidadania, a desinformação da sociedade, a falta de exigência cívica e um enfraquecimento da democracia. 
Porque existe uma componente de serviço público em todo o exercício do jornalismo, privado ou público; 
Porque este último, por maioria de razão, não pode ser transformado, como faz a proposta do Governo para o OE de 2013, numa “repartição de activos em função da especialização de diversas áreas de negócios” por parte do “accionista Estado”; 
Porque o jornalismo não é apenas mais um serviço entre os muitos que o mercado nos oferece; 
Porque o jornalismo é um serviço que está no coração da democracia; 
Porque a crise dos média e as medidas erradas e perigosas com que vem sendo combatida ocorrem num tempo de aguda crise nacional, que torna mais imperiosa ainda a função da imprensa; 
Porque o jornalismo é um património colectivo; 
Os subscritores entendem que a luta das redacções e dos jornalistas, hoje, é uma luta de todos nós, cidadãos. 
Por isso nela nos envolvemos. 
Por isso manifestamos a nossa solidariedade activa com todos os que, na imprensa escrita e online, na rádio e na televisão, lutando pelo direito à dignidade profissional contra a degradação das condições de trabalho, lutam por um jornalismo independente, plural, exigente e de qualidade, esteio de uma sociedade livre e democrática. 
Por isso desafiamos todos os cidadãos a empenhar-se nesta defesa de uma imprensa livre e de qualidade e a colocar os seus esforços e a sua imaginação ao serviço da sua sustentabilidade”. 

Proponentes

Adelino Gomes – Jornalista
Agostinho Leite – Lusa
Alexandre Manuel – Jornalista e Professor Universitário
Alfredo Maia – JN (Presidente do Sindicato de Jornalistas)
Ana Cáceres Monteiro – Media Capital
Ana Goulart – Seara Nova
Ana Romeu – RTP
Ana Sofia Fonseca – Expresso
Anabela Fino – Avante
António Granado – RTP; Professor Universitário
António Navarro – Lusa
António Louçã – RTP
Avelino Rodrigues – Jornalista
Camilo Azevedo – RTP
Carla Baptista – Jornalista e Professora Universitária
Catarina Almeida Pereira – Jornal de Negócios
Cecília Malheiro – Lusa
Cesário Borga – Jornalista
Cristina Margato – Expresso
Cristina Martins – Expresso
Daniel Ricardo – Visão
Diana Andringa – Jornalista
Diana Ramos – Correio da Manhã
Elisabete Miranda – Jornal de Negócios
Fernando Correia – Jornalista e Professor Universitário
Filipa Subtil – Professora Universitária
Filipe Silveira – SIC
Filomena Lança – Jornal de Negócios
Francisco Bélard – Jornalista
Frederico Pinheiro – Sol
Hermínia Saraiva – Diário Económico
João Carvalho Pina – Kameraphoto
João d’Espiney – Público
João Paulo Vieira – Visão
Joaquim Fidalgo – Jornalista e Professor Universitário
Joaquim Furtado – Jornalista
Jorge Araújo – Expresso
Jorge Wemans – Jornalista
José Luís Garcia – Docente e Investigador (ICS-UL)
José Luiz Fernandes – Casa da Imprensa
J.-M. Nobre-Correia – Professor Universitário
José M. Paquete de Oliveira – Docente, cronista, ex-provedor do telespectador (RTP)
José Manuel Rosendo – RDP
José Mário Silva – Jornalista freelancer
José Milhazes – SIC / Lusa (Moscovo)
José Rebelo – Professor Universitário e ex-jornalista
José Vitor Malheiros – Cronista, consultor
Leonete Botelho – Público
Liliana Pacheco – Jornalista (investigadora)
Luciana Liederfard – Expresso
Luis Andrade Sá – Lusa (Delegação de Moçambique)
Luis Reis Ribeiro – I
Luísa Meireles – Expresso
Manuel Esteves – Jornal de Negócios
Manuel Menezes – RTP
Manuel Pinto – Professor Universitário
Margarida Metelo – RTP
Margarida Pinto – Lusa
Maria de Deus Rodrigues – Lusa
Maria Flor Pedroso – RDP
Maria José Oliveira – Jornalista
Maria Júlia Fernandes – RTP
Mário Nicolau – Revista C
Martins Morim – A Bola
Miguel Marujo- DN
Miguel Sousa Pinto – Lusa
Mónica Santos – O Jogo
Nuno Aguiar – Jornal de Negócios
Nuno Martins – Lusa
Nuno Pêgas – Lusa
Oscar Mascarenhas – Jornalista
Patrícia Fonseca – Visão
Paulo Pena – Visão
Pedro Caldeira Rodrigues – Lusa
Pedro Manuel Coutinho Diniz de Sousa – Professor Universitário
Pedro Pinheiro – TSF
Pedro Rosa Mendes – Jornalista e escritor
Pedro Sousa Pereira – Lusa
Raquel Martins – Público
Ricardo Alexandre – Antena 1
Rosária Rato – Lusa
Rui Cardoso Martins – Jornalista e escritor
Rui Nunes – Lusa
Rui Peres Jorge – Jornal de Negócios
Rui Zink – Escritor e Professor Universitário
Sandra Monteiro – Le Monde diplomatique (edição portuguesa)
Sara Meireles – Docente Universitária e Investigadora (ESEC-Coimbra)
Sofia Branco – Lusa
Susana Venceslau – Lusa
Tiago Dias – Lusa
Tiago Petinga – Lusa
Tomás Quental – Lusa
Vitor Costa – Lusa

 

Relações conflituosas…com o meu jornal II

Na sequência de uma decisão pessoal que resolvi publicitar (a de ter quebrado a minha relação de compra – já era, confesso, mais bi-ou-tri semanal do que diária – com o jornal Público) o Manuel Pinto achou por bem – e bem! – usar o mote para aqui abrir a porta a um debate sobre o tema genérico ‘porque perdem os jornais as suas audiências’.
Gostava, antes de mais, de explicar a minha opção, até porque fui já – e bem! – confrontado com a sua aparente incoerência. Não nego, desde logo, que ela exista. A incoerência. Existe pois, como existe em muito de tudo o resto que fazemos na vida. E felizmente que isso acontece, dir-me-ia um amigo que usa com frequência a expressão: “ainda bem que são como as pessoas”.
Como posso eu, agora, neste momento, em que o jornal se prepara – dizia-se há dias – para despedir uma centena de pessoas e para nos apresentar um novo rosto online, ‘abandonar o barco’? Ainda por cima um ‘barco’ no qual já só viajava às vezes? Ora, ora. Logo agora.
O que me parece interessante é olhar para este caminho e tentar perceber porque me fui gradualmente afastando do jornal e porque me doeu agora muito pouco fechar a porta. E a imagem do ‘barco’ é relevante porque comecei, precisamente, por ser um ‘leitor profissional’ do Público. Era, à época do seu arranque, jornalista em início de carreira e o Público fazia…o que eu gostava de estar a fazer. E fazia-o de forma consistente: preparava dossiers sobre os temas, antecipava polémicas, divulgava novas histórias. Tinha paginação e fotografia cuidadas (muito à imagem de uma outra das minhas paixões de juventude, o britânico The Independent). Era um grande jornal. Dava gosto ser fã. Fazia-lhe um like, em grande, se pudesse.
Dir-se-á que era uma imagem construída, pouco ligada à realidade do projeto em si. Pois sim. Mas era a minha imagem. E sentia-me, de facto, num ‘barco’ onde seguia viagem com um número significativo de leitores fiéis.
A primeira grande mudança neste estado de coisas aconteceu com a Direção editorial anterior à que agora o jornal tem. Confesso que em muitos momentos – o caso mais gritante terá sido o do apoio declarado à estratégia da Administração Bush para o Iraque – senti vontade de ‘saltar fora’.
Fiquei a meio caminho. Deixei apenas cair o hábito da compra quase diária. Era o Público, afinal de contas. A coisa havia de ir ao sítio. E, se me esquecesse por instantes da Direção, a casa tinha ainda tantos e tão bons profissionais.
Hoje, a casa continua a ter muitos profissionais de grande qualidade, mas sinto que a coisa não foi ao sítio. Longe disso. Foi para um sítio ainda pior, já muito longe (talvez longe demais) da linha de rumo. A forma como a Direção do jornal reagiu a uma interpelação do Provedor sinaliza, além de um profundo desrespeito pelas regras básicas de funcionamento e pela função social da profissão, um enorme desconhecimento dos leitores. Mais grave ainda; não sabendo quem são os leitores, a Direção mostra ainda que não tem interesse nenhum em saber.
Chegado a este ponto tinha uma de duas opções: ou salvava, para mim mesmo, uma imagem benigna de um dos mais bem conseguidos projetos jornalísticos do país ou arriscava um caminho em que as boas memórias já começassem a empalidecer por entre um amontoado de asneiras e asneirolas.
Bem sei que o Público não é – no panorama nacional – o caso mais trágico, do ponto de vista da degradação do produto jornalístico. Mas, porque chegou a significar tanto, dói mais.
Há, na chamada ‘crise do jornalismo’ aspetos que, sendo de natureza financeira, condicionam severamente o produto final. Mas há, também, aspetos que resultam de escolhas deliberadas de quem dirige os projetos. Creio que, no caso do Público, a gestão do projeto editorial foi, nos últimos anos, mais danosa para a credibilidade do jornal do que os anuais apertos financeiros ditados pela administração.
Como alguém que agora vê o ‘barco’ afastar-se, sem tino, embalado por ondas que lhe atiram cada vez mais água para um convés já encharcado, mantenho no espírito uma derradeira dúvida: porque assim quis ou porque assim deixou que fosse um empresário perspicaz e pouco dado a ‘longos funerais’ como o Eng. Belmiro?
Se ele, um dia, nos explicasse…
(a confiar nas palavras recentes do Joaquim Vieira parece que a Administração do Público quer, por estes dias, que se saiba o menos possível sobre a vida real do jornal. É, também isso, uma enorme pena).

Luís António Santos

Relações conflituosas … com o meu jornal

O colega deste blog e amigo Luís Santos anunciou, na sua página do Facebook, um ‘corte de relações‘ com o jornal Público, na sequência do comportamento do jornal relativamente à manchete da passada quinta-feira (sobre a alegada excecionalidade dos alegados aumentos dos docentes do Ensino Superior) e, suponho eu, das respostas das jornalistas e da diretora à interpelação por parte do Provedor do Leitor daquele diário.

Diz ele que dá por finda uma relação que durava há cerca de 20 anos e que já vinha a definhar há algum tempo. Conheço mais pessoas que já tomaram idêntica atitude, mais lá atrás ou agora, por causa do mesmo caso.

Percebo-os, mas não os sigo. Por dois motivos principais: um é o facto de, apesar de tudo, ainda haver jornalismo no Público e profissionais lá dentro a lutar por serem jornalistas, produzindo, apesar de tudo, um trabalho que, desgraçadamente para nós todos, ainda continua a destacar-se no panorama jornalístico português (significando, com isto, que as alternativas são escassas e ténues). Outro motivo é o facto de termos lá dentro um provedor que ouve, que acolhe, que se bate por que o jornal seja fiel à sua carta de princípios e que continua a publicar dominicalmente uma avaliação do jornal, com uma prestação que acho ser globalmente muito positiva. Temos pouco disso, hoje em dia, e é preciso dar força – seja ao José Queirós seja a um futuro sucessor no cargo.

O gesto de cortar relações compreendo-o sobretudo como desilusão de quem acreditou num projeto jornalístico novo,  que tão importante seria, especialmente, no atual contexto histórico do país e da Europa, mas que se foi deteriorando, sobretudo com as últimas direções editoriais. Talvez o jornal também precise desses sinais, para ver se acorda. Pela minha parte, opto, por enquanto, por continuar a dialogar com o jornal, a picar, se for caso disso, a propor (mesmo que não obtenha qualquer resposta, com já me aconteceu com mensagens dirigidas à atual diretora).

Portugal, Cabo Verde e Brasil ligados pela rádio

A Rádio Ás é um projeto de webrádio comunitária que se define pela ligação de três municípios de língua portuguesa: Aveiro (Portugal), Santa Cruz (Cabo Verde) e São Bernardo do Campo (Brasil). Com objetivos muito ambiciosos, que vão desde a promoção da participação cívica no espaço público ao reforço da coesão da comunidade, este projeto tem ainda o mérito de estimular o multiculturalismo no espaço lusófono.
A Rádio Ás tem uma programação exclusivamente online aberta a novos contributos que podem submeter uma inscrição no site deste projeto. Aí está uma ideia interessante – que acabo de descobrir – para dois propósitos originais: potenciar a versatilidade da rádio e celebrar a sonoridade da língua portuguesa.

Madalena Oliveira

A Regulação dos Média em PT – 3 novos e-Books

No decurso do primeiro dia da Jornada de Doutorandos em Ciências da Comunicação e Estudos Culturais foram hoje apresentados, na Universidade do Minho, três ebooks elaborados no âmbito do Projeto de Investigação “A Regulação dos Media em Portugal: o Caso da ERC”.
As obras intituladas A Regulação dos Media na Europa dos 27, Cronologia da Actividade da ERC (2005-2011) e Digital Communication Policies in the Information Society Promotion Stage foram formalmente apresentadas por Helena Sousa e Moisés de Lemos Martins e estão, a partir de agora, disponíveis AQUI.

Luís António Santos

Um Dia com os Média

Convocar os cidadãos e a sociedade para refletir sobre os papel e o lugar dos media nas suas vidas é o objetivo da Operação Um dia com os Media, projeto que irá decorrer no próximo dia 3 de maio, dia mundial da liberdade de imprensa, com múltiplas iniciativas por todo o país.
Esta Operação surge num tempo em que as tecnologias e plataformas digitais permitem, como nunca, que os cidadãos se exprimam no espaço público, fazendo por isso sentido que o olhar crítico e participativo relativamente aos media seja, ele próprio, um exercício de liberdade.

Promovida pelo Grupo Informal sobre Literacia para os Media, esta operação congregará um vasto e variado conjunto de atividades concebidas e realizadas pelas mais diversas instituições, tais como bibliotecas, meios de comunicação, escolas, instituições do ensino superior, grupos de alunos, centros de investigação e formação, associações, universidades de seniores, movimentos, igrejas, autarquias e outras, glosarão o mote Um dia com os media: Que significado têm os media na nossa vida e como poderiam tornar-se mais relevantes?
São diversas as ações programadas, como sejam, programas de rádio e televisão, conferências, mostras, concertos, debates, projeção de filmes, concursos escolares, ações de formação, jogo lúdicos, ações de rua, entre outras.
A lista completa de ações pode ser consultada AQUI.

Toda a informação sobre a Operação pode ser encontrada AQUI.

Grupo Informal sobre Literacia para os Media

O Grupo Informal sobre Literacia para os Media é uma plataforma que reúne entidades públicas com missões no domínio da literacia para os media, sendo presentemente constituído por: Comissão Nacional da UNESCO, Conselho Nacional de Educação, Entidade Reguladora para a Comunicação Social, Gabinete para os Meios de Comunicação Social (GMCS) e Universidade do Minho – Centro de Estudos de Comunicação e Sociedade.
Entre os muitos projetos desenvolvidos pelo Grupo, importa destacar o Portal da Literacia para os Media e o Congresso “Literacia, Media e Cidadania”, do qual resultou a “Declaração de Braga”.

O jornalismo ‘capturado’ – o caso da TDT

(No seguimento do post do Sérgio Denicoli)

O fim da televisão analógica é hoje assinalado com o desligar dos últimos 15 emissores. A autoridade que regula as telecomunicações, a Anacom, diz ter-se tratado de uma transição sem problemas, sendo que, nesta altura, quem se atrasou na mudança agiu com total conhecimento das consequências.
Muito podia ser escrito sobre esta atitude ‘se quiserem comam, se não quiserem ponham na borda’ de uma entidade pública que tem por missão assegurar a defesa dos interesses dos cidadãos mas este post surge por uma outra razão – o jornalismo que se faz (e fez) sobre este assunto de vital importância (sobretudo) para os mais frágeis na sociedade foi, salvo honrosas exceções (e importará aqui salientar o trabalho desenvolvido por alguns profissionais na RTP – Porto), de muito má qualidade.
Foi um jornalismo ‘repetidor’, um jornalismo ‘pé de microfone’, um jornalismo que semanalmente deu conta do ‘sucesso’ de uma transição cheia de problemas, porque pouco mais fez do que transcrever (sim, transcrever, em muitos casos, na íntegra) o que era dito pela Anacom nos seus comunicados.
Este jornalismo acomodado, este jornalismo ‘não me chateiem que eu já tenho problemas que cheguem’, que se percebe na notícia difundida esta manhã pela Lusa, descurou a complexidade social do assunto.
É um jornalismo pobre, descuidado e desinteressado.
Não nos serviu, enquanto comunidade.

No portal informativo do SAPO (propriedade da PT) temos esta manhã em destaque a notícia da Lusa (agregada na área temática ‘Tecnologia e Ciência’ e com base nas declarações da Anacom) mesmo ao lado de um anúncio da Meo (propriedade da PT) que nos avisa: ‘Prepare-se para a TDT‘. Se lá fizermos o clique vamos para uma página nova com as ‘soluções PT’.
Um leitor pouco atento podia até ser levado a pensar que o ‘problema’ TDT se resolve com a ajuda amiga da PT.
E, provavelmente, esse leitor desatento estará mais próximo da verdade do que imagina.
O ‘problema’ TDT ‘resolveu-se’ com a conivência dos operadores de televisão, com a anuência de dois governos, com a ‘certificação técnica’ da Anacom, com o desinteresse de um jornalismo tendencialmente amorfo e para benefício das atividades de TV por cabo.
Nâo ficou ninguém de fora, pois não?

Moisés de Lemos Martins presidente da CONFIBERCOM

O presidente da Sociedade Portuguesa de Ciências da Comunicação e diretor do Centro de Estudos de Comunicação e Sociedade, Moisés de Lemos Martins, foi ontem eleito Presidente da CONFIBERCOM – a Confederação Ibero-americana das Associações Científicas e Académicas de Comunicação.
Com uma equipa que representa a maior parte das associações federadas nesta organização, Moisés de Lemos Martins sucede a Margarida Kunsch, que substituiu interinamente o primeiro presidente eleito, José Marques de Melo.
As eleições tiveram lugar no dia 13 de abril, durante a Assembleia Geral da CONFIBERCOM, que se reuniu em Quito, no Equador, por ocasião do I Fórum Integrado de Comunicação Ibero-americana.

Como dar sentido ao jornalismo?

Analisar o presente e o futuro do jornalismo nas sociedades contemporâneas é o propósito essencial de um debate que terá lugar no próximo dia 17 de Abril (terça-feira), às 14h30, no Auditório do Instituto de Educação (IE) da Universidade do Minho (UM), em Braga.

Subordinado ao tema “Como dar sentido ao Jornalismo?”, o debate procura juntar jornalistas, investigadores, docentes e estudantes de jornalismo, bem como cidadãos interessados, qualquer que seja a sua proveniência. A iniciativa, semelhante a outras que se têm realizado em diversas universidades do país, culminará com a elaboração de uma Carta de Princípios do Jornalismo em Portugal, assente nos diferentes contributos e reflexões recolhidos.

O debate na Universidade do Minho / Braga decorre no âmbito das jornadas anuais do Grupo de Alunos de Ciências da Comunicação (GACCUM) e contará com as participações de Adelino Gomes (jornalista), Gustavo Cardoso (investigador), Carlos Daniel (jornalista), Isabel Margarida Duarte (professora universitária) e João Gonçalves (estudante de jornalismo), além de docentes de Jornalismo da própria UM – Joaquim Fidalgo, Luís António Santos e Manuel Pinto.

Esta realização inscreve-se num projecto mais vasto, intitulado “Projecto Jornalismo e Sociedade” (PJS), lançado por uma equipa de investigação do CIES-IUL – Centro de Investigação e Estudos de Sociologia do ISCTE-IUL, Instituto Universitário de Lisboa, e que conta com os apoios das Fundações Gulbenkian, EDP e FLAD. Coordenado por Gustavo Cardoso (presidente do Obercom) e Adelino Gomes (jornalista), o projecto congrega, no seu Conselho Consultivo, representantes das principais universidades portuguesas onde se ensina Jornalismo e dos mais relevantes órgãos de Comunicação Social nacionais.

Aberto à participação de todos os interessados, este debate é uma organização conjunta do Centro de Estudos de Comunicação e Sociedade (CECS) – Instituto de Ciências Sociais (ICS), e do Grupo de Alunos de Ciências da Comunicação (GACCUM) da Universidade do Minho.

O Fórum poderá também ser acompanhado à distância: através do browser ou  através de um media player.

“Explicar um blog não era fácil”

Depoimento de Elisabete Barbosa, Diretora de Comunicação e Projetos, uma das fundadoras do blog:

Criar e manter um blog há 10 anos atrás era uma tarefa bastante mais difícil do que é hoje. Não existiam os serviços atuais, não era possível utilizar imagens facilmente e os sistemas de comentários tinham que ser integrados no blog (pelo menos para os utilizadores do Blogger).
Mas também era mais interessante e divertido. Conhecia-se toda a blogosfera portuguesa e ainda era possível acompanhar facilmente o movimento nos EUA e no Brasil. Cada novo blog português era celebrado por toda a comunidade e as notícias sobre cada “nascimento” entusiasticamente divulgadas por outros bloggers.
Estejam ou não moribundos, os blogs foram percursores importantes do atual panorama das redes sociais. Foram os primeiros sistemas de auto-publicação, um grande passo para a democratização da Internet, o momento em que deixou de ser necessário conhecer linguagens de programação para poder publicar.
Para mim, no entanto, a principal diferença entre manter um blog hoje e há 10 anos não está na tecnologia ou no conhecimento do meio. Reside no facto de, atualmente, não ser necessário estar constantemente a explicar o que é um blog. É que não era fácil.
Parabéns ao Jornalismo e Comunicação e a toda a equipa.

Que fazer com os comentários?

ImagemO Diário de Notícias decidiu, por estes dias, passar a sinalizar todas as caixas de comentários com a seguinte advertência: “Conteúdo eventualmente ofensivo“. Na mesma nota, diz-se que “as opiniões, informações, argumentações e linguagem utilizadas pelos comentadores desse espaço não refletem, de algum modo, a linha editorial ou o trabalho jornalístico do Diário de Notícias” e esclarece-se que os textos “podem, por vezes, ter um conteúdo susceptível de ferir o código moral ou ético de alguns leitores“, pelo que “o Diário de Notícias não recomenda a sua leitura a menores ou a pessoas mais sensíveis.”
No espaço semanal de comentário que tem na SIC-Notícias, Pacheco Pereira disse que se tratava de uma postura hipócrita. Concordo. É mau demais não gerir (por opção ou por limitação de meios) os comentários mas é bem pior assumir relativamente ao delicado assunto uma postura declarada de rendição. O DN desistiu sem sequer ter tentado.
O problema que está na origem de tão bizarra atitude não é novo e não é apenas nacional. As soluções encontradas pelas empresas são muito diversas mas para algumas a guerra está longe de estar perdida.
Como explica o Provedor do Leitor do Washington Post, Patrick B. Pexton, (sim, o jornal que está a crescer substancialmente na web às cavalitas da opção errada do NYTimes) a empresa precisa de continuar a dar atenção (com moderação sensata, diz) aos espaços de comentários:
I think that in the messiness lies virtue. Online commenting boards are an online speaker’s corner and free-speech release valve.They’re also a real-time correction and information-gathering mechanism.”

A democracia tem destas coisas: um like é um voto

A participação está na moda. Tão na moda que quem não participa não é cool, não está in. É democrático. É bonito. Mas merece ponderação. Digo eu. Haverá diferença entre escolher o nome para um novo iogurte ou decidir limitações ao trânsito no centro da cidade?

A democracia tem destas coisas. Se participamos, somos engajados e motivados, adquirimos de algum modo um grau extra de cidadania. Se não participamos e somos apenas cidadãos no número e no papel perdemos o direito moral à cidadania. Mas devemos questionar que tipo de participação é esta e que tipo de cidadania queremos e merecemos.

As instituições desdobram-se em acções, actuações e iniciativas para promover a participação, potencializada pela procura de formas alternativas nas novas tecnologias mas também no acesso deliberativo. É democrático. É bonito. Mas merece ponderação. Digo eu. Haverá diferença entre escolher o nome para um novo iogurte ou decidir limitações ao trânsito no centro da cidade?

Moralismos àparte, a participação tem a sua dose de perversão, não sendo a sua instrumentalização como legitimação do poder a menor de todas.

É por isso que eu, que vivo no norte, acabo de participar numa decisão que não me diz respeito, votando no logo que servirá de imagem e identidade ao Orçamento Participativo de Lisboa 2012. Não me diz respeito porque, não vivendo lá, não tenho nada a ver com o assunto. Ou, sendo Lisboa a capital, talvez eu me me possa considerar uma cidadã de Lisboa, agora que todos somos cidadãos do mundo?
Isso não interessa nada. Eu participo porque posso. Eu e toda a gente que vá à página do Facebook “Concurso de Imagem Orçamento Participativo de Lisboa”. Um like é um voto. E um voto é uma tomada de decisão.
Ou talvez seja apenas o reforço de uma velha constatação:
“A democracia é tão somente um mecanismo de mercado: os votantes são os consumidores; os políticos são os empresários.”
Crawford Brough Macpherson in A democracia liberal: origens e evolução, 1977

Público: uma agenda para depois da festa

O PÚBLICO faz hoje anos e é de justiça saudá-lo e quem o inventou e lançou e o tornou uma referência (que já foi mais do que hoje é) no jornalismo português. Não é ainda  o momento de fazer uma apreciação das mudanças agora introduzidas. Afinal, a edição de hoje é a de um dia especial.
Muitas perguntas terão certamente os leitores do Público (o seu público, efectivo e potencial), que gostariam de ver respondidas e tratadas pelo Público. Sobre a sociedade e também sobre o próprio jornal. Mas para isso era preciso que o Público estivesse interessado em perguntar e escutar. Não num dia especial; não a uma ou outra figura de proa. Mas aos cidadãos, aos leitores, mesmo aos que (ainda) não lêem o Público. A lista das perguntas de José Gil, que por falta de tempo, por falta de dados, por obstrução ao trabalho dos jornalistas, por opacidade de quem devia tornar mais transparente a vida pública, não puderam ter resposta na edição de hoje, pô-las o Publico nas suas páginas. Não certamente para as enterrar no esquecimento. Recordo-as abaixo, como que em desafio para que a Redacção possa continuar a investigar, a procurar, a escutar. Mas há muitas mais . Cada um de nós teria umas boas dezena delas. E apresentá-las-ia, contanto que o Público as acolhesse e fizesse delas desafio para o trabalho quotidiano. Haveria, sem dúvida, muita gente disposta a colaborar. Se…


[AINDA] Sem resposta:


  • Quantas horas os responsáveis estimam necessárias para os professores prepararem as lições? Quais as competências fundamentais que a escola ignora quando avalia os alunos?
  • Quanto é que os alunos realmente aprendem das matérias que lhes são ensinadas?
  • Que consciência têm os responsáveis pelas políticas educativas da especificidade da profissão de docente?
  • Quantos alunos desistem do ensino superior por razões económicas?
  • Que peso tem a relação aluno-professor na definição das políticas educativas?
  • Quantos deputados usaram informação secreta em benefício próprio?
  • Quantos portugueses se sentem representados pelos deputados?
  • Quantos documentos estão em segredo de Estado? E que documentos?
  • Quantos detentores de cargos públicos tentaram manipular jornalistas na democracia?
  • Quantos detentores de cargos públicos foram acusados de assédio sexual?
  • Quantos políticos têm negócios em ofshores?
  • Quantos ministros foram ocupar cargos de chefia em grandes empresas depois de abandonarem o governo?
  • Quantos crimes não chegam a ser denunciados porque as vítimas não acreditam na Justiça ou têm medo dos agressores?
  • Quantos portugueses não têm medo: da autoridade? Do Estado? Dos políticos? De perder o emprego? De arriscar? De assumir responsabilidades?
  • Quantos portugueses não vão emigrar em 2012 por não terem coragem para o fazer?
  • Qual a percentagem de portugueses que subornaria alguém?
  • Quanto custa em média ao Estado um julgamento de um pequeno delito?
  • Quantos políticos condenáveis por tráfico de influências, corrupção e peculato foram realmente investigados? Quantos foram condenados?
  • Quantas mulheres foram sexualmente abusadas ao longo da vida?
  • Quantos condenados pelo crime de pedofilia cumpriram a pena a que foram condenados até ao fim? Qual a percentagem dos últimos relativamente aos pedófilos portugueses?
  • Quantas pessoas vão morrer até ao fim deste ano por não terem acesso aos tratamentos adequados?
  • Quantos portugueses morrem por não serem atendidos a tempo?
  • Quantas pessoas morrem por ano devido a erros de prescrição médica?
  • Até que ponto em Portugal as taxas de mortalidade variam em função das diferenças sociais?
  • Quantas pessoas vivem mal por ignorarem que o seu problema é do foro psiquiátrico?
  • Quantos portugueses tomam antidepressivos e ansiolíticos? Quantos os tomam sem necessidade?
  • Quantas mortes por suicídio se devem a depressão?
  • As doenças psíquicas que hoje atingem mais os portugueses são diferentes das doenças psíquicas mais comuns antes de 2004?
  • Em que medida o conhecimento da História de Portugal desde o 25 de Abril contribuiu para o seu sentimento de ser português?
  • Quantas pessoas escondem a sua homossexualidade?
  • Em que medida a política do seu país lhe dá mais orgulho em ser português?
  • Sente-se mais, menos ou tão português agora do que antes da entrada de Portugal na Comunidade Europeia?
  • Gosta mais de si por ser português?