Os jornalistas estão, hoje de manhã , em massa, à porta da Escola Secundária CarolinaMichaëlis, no Porto. No fim-de-semana, os semanários relataram casos (ainda) mais graves do que o caso da Escola do Porto . Na “Quadratura do Círculo”, da SIC Notícias, Jorge Coelho relatou outro caso de agressão de alunos, vivido por uma sua amiga professora. Dessas situações, não há imagens. Logo, não há notícias. No Carolina Michaëlis, qual é notícia hoje?
Monthly Archives: Março 2008
“Aqui e Agora”… finalmente!
Quase não nos lembramos de “Hora Extra, o programa de debate conduzido pela jornalista Conceição Lino que a SIC criou em Janeiro de 2002 e que atirou para horas tardias. Depois disso, este género televisivo desapareceu da estação generalista privada. Agora, e talvez muito por acção da Entidade Reguladora da Comunicação Social, a SIC anuncia a criação de um outro debate: “Aqui e Agora”, cuja estreia está marcada para 17 de Abril. Segundo o “Jornal de Notícias”, este formato contará com um painel fixo de comentadores: o criminalista e presidente da Câmara de Santarém Moita Flores, o jurista e ex-bastonário das Ordem dos Advogados Rogério Alves e o psiquiatrae José Gameiro. Será que o estúdio vai manter-se fechado a outros convidados? Não me parece bem para um debate que se pretende vivo, mas diversificado. O propósito será, segundo se noticia hoje, ser um suplemento às notícas do dia. Indo para o ar à 5ª feira, este programa irá rivalizar com “Grande Entrevista”, da RTP1 (a TVI continua sem este tipo de programação). Trata-se, é certo, de géneros diferentes, mas o passado recente demonstrou que este tipo de coabitação pode influenciar temas e convidados. Vamos ver…
Imprensa: morte (e ressurreição?)
Multiplicam-se os indicadores do declínio dos jornais. Os dados da circulação relativos ao ano de 2007, em Portugal, não desenham um panorama animador. Mas cada título continua a reagir à moda antiga. O exemplo porventura mais típico é o do Diário de Notícias. A leitura que faz dos dados da APCT é reveladora: “DN é o menos prejudicado em queda generalizada dos jornais“. Um pouco ao género do “diz o roto ao nu”.
As dificuldades não são certamente só nossas e sentem-se em diversas outras paragens. Ainda ontem o site da revista Editor & Publisher divulgava dados na Newspapers Association of America, segundo os quais a queda dos rendimentos publicitárias por parte da Imprensa dos EUA foi a pior dos últimos 70 anos.
Mas o que preocupa é que enquanto, noutros lados, os media e as respectivas associações lançam iniciativas e criam programas para procurar encontrar saídas, aqui parece optar-se por navegar à vista, à espera que em algum lado se descubra a varinha de condão que possa desanuviar ou redescobrir o futuro. Este é que, seguramente, não é o caminho.
Para reflectir sobre esta questão, duas sugestões recentes:
- Jeff Jarvis, Newspapers are f’ed, in Buzz Machine
- Eric Alterman, Out of Print: The death and life of the American newspaper, The New Yorker
- Jennifer Saba, Charting 4-Year Circ Plunge at Major Papers, in Editor&Publisher
Abrandamento
… Não, não é o fim da minha participação. Mas, por motivos pessoais e profissionais, terei de abrandar bastante o contributo para este blogue, ao longo dos próximos meses.
Cuba e os blogues
Vale a pena ler o artigo do jornalista brasileiro Elio Gasperi, publicado no jornal Folha de S.Paulo, a respeito do movimento da blogosfera em Cuba. Ele destaca o trabalho de uma filóloga de 31 anos e as estratégias dela para burlar a censura e publicar suas observações na Web.
“Os septuagenários veteranos da Sierra Maestra têm uma nova guerrilha pela frente. Em vez de viver escondida no mato, ela está na rede de computadores e seu símbolo mais visível é Yoani Sanchez, uma micreira filóloga de 32 anos que publica a página “Generación Y” (1,2 milhão de visitas em fevereiro). No lugar dos fuzis, cabos, pen-drives e celulares com câmeras.”
Leia o artigo completo aqui.
XI Jornadas de Ciências da Comunicação
As XI Jornadas de Ciências da Comunicação (organizadas pelo grupo de alunos de Comunicação da Universidade do Minho – GACSUM) acontecem já na próxima semana, nos dias 1 e 2 de Abril (terça e quarta).
O tema genérico das jornadas deste ano é “Verdade ou Consequência”, uma alusão ao jogo com o mesmo nome, mas também o mote para debates sobre a responsabilidade do sector.
O programa é o seguinte:
Dia 1 de Abril 9h30 – Sessão de abertura
Moisés Martins
Presidente do Instituto de Ciências Sociais
Felisbela Lopes
Directora do 1º ciclo de Ciências da Comunicação
Manuel Pinto
Director do 2º ciclo de Ciências da Comunicação
Cláudia Lomba
Presidente do GACSUM10h30 – O Jornalismo é manipulação?
Carlos Rodrigues Lima
Jornalista do Expresso
José Pedro Marques Pereira
Jornalista da RTP
Manuel Carvalho
Director-adjunto do Público
Paulo Baldaia
Director da TSF
Moderador: Manuel Pinto
Docente de Jornalismo – UM
Apresentação do livro
O Jornalista em Construção de Joaquim Fidalgo14h00 – Realidade ou cosmética nas empresas
Alexandre SilvaResponsável pela comunicação Corporativa – Bosch
Carlos LizDirector geral da APEME
José MenezesDirector de Comunicação da leYa
Júlia Costa
Coordenadora de eventos – Solinca/Sonae
Moderador: Teresa Ruão
Docente na área de Publicidade e RP – UM
16h30 – Pausa para café
17h00 – Desenvolvimento de Videojogos e Ambientes Interactivos
Diogo AndradeDirector Criativo e de Tecnologia da Spellcaster Studios
Filipe Pina
Produtor de jogos da Seed Studios
Ivan Franco
Director de I&D da YDreamsNelson Calvinho
Director da revista de jogos Hype!
Moderador: Nelson Zagalo
Docente na área de Multimédia – UM
22h00 – Noite na Velha-a-Branca
Take One! Exibição de curtas a concursoDia 2 de Abril
9h30 – Pós-Produção ou Efeitos Visuais
Diogo Valente
Director Criativo da Dreamlab
Luciano Ottani
Realizador da Showoff-Films
Moderador: Ângelo Peres*
Docente na área de Audiovisuais – UM
11h00 – Pausa para café11h15 – A marca “Portugal”
Carlos Coelho
Presidente da Ivity Brand Corp; autor do livro “Portugal genial”
Francisco Coelho
Docente do IPAM
Henrique Agostinho
Director de marcas da Sonae Sierra; autor do livro “Vende-se Portugal”
Moderador: Ana Melo
Docente na área de Publicidade e RP – UM14h30 – Novo perfil do profissional de comunicação
André Rabanea
Director da Torke Stunt Marketing Estratégico
Bruno Carvalho*
Porto Canal
Pedro Almeida
Director do Mestrado Comunicação e Multimédia da Universidade de Aveiro
Moderador: Luís Santos
Docente de Jornalismo – UM
16h – Pausa para café
16h30 – As consequências do curso: ex-alunos
Adelina Cabral
Relações Públicas da IMAGO
Hélder Beja
Jornalista do Semanário Sexta
Lina Vilela
Directora de contas da LOWE
Madalena Barbosa
Directora editorial da Esfera das Ideias
Sara Antunes Oliveira
Jornalista da Sic
Telmo Dourado
Técnico de Audiovisuais da RTP
Moderador: Phillipe Vieira
Aluno do mestrado em Informação e Jornalismo – UM
22h00 – Noite na Velha-a-Branca
Ex-alunos contam os bastidores do estágio e peripécias da profissão
Moderador: Cláudia Lomba
Presidente do GACSUM
*por confirmar
Portugaldiario “vai dar” o «melhor dos blogues portugueses»
O jornal online Portugaldiario deverá aparecer renovado até ao final do mês. O anúncio foi feito esta semana e promete novas secções (de Tecnologia e Ambiente), o desenvolvimento de secções já existentes, uma maior produção de video online, maior espaço para a imagem e, curioso, “o melhor dos blogues portugueses”. Sinal da valorização crescente dos blogues do ponto de vista informativo!
O papel da Comissão da Carteira…
A edição de hoje do Clube de Jornalistas na TV debate “o lugar da Comissão da Carteira Profissional de Jornalista” e “o alcance das suas funções actuais e futuras”. São convidados do programa Pedro Mourão, juiz desembargador, José Carlos de Vasconcelos, jornalista e advogado, e Mário Bettencourt Resendes, jornalista e porta-voz do Movimento Liberdade e Informação.
O que diz a legislação sobre a Comissão da Carteira Profissional de Jornalista:
«CAPÍTULO III-A
Comissão da Carteira Profissional de JornalistaArtigo 18.º-A
Natureza e composição1 – A Comissão da Carteira Profissional de Jornalista é um organismo independente de direito público, ao qual incumbe assegurar o funcionamento do sistema de acreditação profissional dos profissionais de informação da comunicação social, bem como o cumprimento dos deveres fundamentais que sobre eles impendem nos termos da presente lei.
2 – A Comissão da Carteira Profissional de Jornalista é composta por oito elementos com um mínimo de 10 anos de exercício da profissão de jornalista e detentores de carteira profissional ou título equiparado válido, designados igualitariamente pelos jornalistas profissionais e pelos operadores do sector, e por um jurista de reconhecido mérito e experiência na área da comunicação social, cooptado por aqueles por maioria absoluta, que preside.
3 – Compete à Comissão da Carteira Profissional de Jornalista atribuir, renovar, suspender ou cassar, nos termos da lei, os títulos de acreditação dos profissionais de informação da comunicação social, bem como, através de secção de cujas decisões cabe recurso para o plenário, apreciar, julgar e sancionar a violação dos deveres enunciados no n.º 2 do artigo 14.º
4 – Os membros da Comissão da Carteira Profissional de Jornalista são independentes no exercício das suas funções.
5 – A organização e o funcionamento da Comissão da Carteira Profissional de Jornalista são definidos por decreto-lei.
6 – As decisões da Comissão da Carteira Profissional de Jornalista são recorríveis, nos termos gerais, para os tribunais administrativos.Artigo 18.º-B
Legitimidade processualA Comissão da Carteira Profissional de Jornalista tem legitimidade para propor e intervir em processos principais e cautelares destinados à defesa de valores e bens jurídicos cuja protecção lhe seja cometida nos termos da presente lei.
Artigo 22.º
Sanção pecuniáriaSem prejuízo da responsabilidade civil ou criminal que ao caso couber, a utilização abusiva do direito de autor implica, para a entidade infractora, o pagamento de uma quantia ao autor, a título de sanção pecuniária, correspondente ao dobro dos montantes de que tiver beneficiado com a infracção.» Lei n.º 64/2007 de 6 de Novembro
Apagar a(s) memória(s)?
Parece que basta saber a que porta bater — e, além disso, ter dinheiro. Se apareceu no Google alguma coisa menos bonita que não se quer ver por lá, é possível arranjar maneira de apagar a história sem deixar rasto (ou, pelo menos, ‘enterrá-la’ lá para o fundo de milhares de links). Eu não fazia ideia… Pelos vistos, muita gente famosa tem aproveitado. A dica veio daqui.
Rectificação de reportagem do JN
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Ao contrário do que foi publicado, os descodificadores para a TV digital terrestre serão vendidos livremente pelo mercado. O que será definido por concurso público e atribuído a uma única empresa, ou consórcio, são os serviços de difusão televisiva e a licença de operador de distribuição, relativos aos Multiplexers B, C, D, E e F.
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Os actuais concursos que estão em curso não contemplam um novo canal de TV livre. O governo já anunciou que o País terá mais um canal generalista, cujo concurso ainda não foi lançado.
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TV portátil não é sinónimo de TV móvel. A portabilidade é uma das características da TV digital móvel, que poderá ser acessada por meio dos aparelhos telemóveis ou quaisquer outros aparelhos que disponham de tecnologia para receber os sinais do DVB-H, que é o standard definido pela Comissão Europeia para esse tipo de emissão.
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O grau de interactividade na TV digital terrestre é limitado devido à dificuldade de haver um canal de retorno. Os serviços interactivos que serão oferecidos vão ser definidos pelas empresas concorrentes aos concursos da TDT, que devem apresentar soluções nesse sentido em suas candidaturas.
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Em Portugal, cerca de metade da população assiste TV por assinatura, seja por cabo, satélite ou IPTV. A TDT influenciará, sobretudo, a outra metade da população, que não paga para ver televisão. A nova plataforma oferecerá, além da TV livre, um serviço de TV digital terrestre paga, que poderá ter preços mais atractivos do que os que são oferecidos pelas empresas de TV por subscrição que estão no mercado hoje.
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Mais informações sobre a TDT em Portugal podem ser lidas aqui.
Actualização: Tive um feedback do Jornal de Notícias, o que demonstra o profissionalismo dos jornalistas que lá trabalham. Garantiram-me que houve um lapso de edição e que publicarão uma rectificação.
Lançamento: O JORNALISTA EM CONSTRUÇÃO
Deve estar já a “romper” nas livrarias o mais recente livro de Joaquim Fidalgo. O Jornalista em Construção. A obra resulta de parte do texto da tese de Doutoramento que o autor defendeu no início de 2007 na Universidade do Minho. Trabalho de enorme e reconhecido mérito, este livro será, naturalmente, uma referência inescapável da produção bibliográfica portuguesa sobre o jornalismo e os jornalistas.
Este livro procura analisar o percurso histórico feito pelos jornalistas, sobretudo entre a segunda metade do século XIX e a primeira metade do século XX, com vista à afirmação da sua actividade como uma autêntica profissão, socialmente reconhecida e juridicamente legitimada. Numa primeira parte, faz-se uma breve abordagem teórica da sociologia das profissões e dos diversos paradigmas que, ao longo das últimas décadas, foram sendo objecto de estudo e de debate. Na segunda parte, percorre-se o caminho, nem sempre linear, feito pelos jornalistas em diversas latitudes e em diferentes contextos socioculturais, procurando definir e autonomizar o seu ofício por relação com outros ofícios da comunicação. A conclusão genérica sugere que este esforço de profissionalização dos jornalistas tem sido um processo difícil, contraditório, feito de avanços e recuos, de tensões e negociações permanentes, à medida de uma actividade cuja catalogação suscita ainda hoje algumas controvérsias.
Texto da contracapa
Título nº 17 da
Colecção Comunicação – Porto Editora / PORTO
O mundo dos blogues
Sob o título “Um país de blogues”, o Público trata hoje como TEMA do P2 a blogosfera portuguesa. Num texto que cruza interrogações com a opinião de vários ‘bloggers’, constata-se que Portugal é um dos países onde, em termos relativos, «mais gente escreve em blogues e os lê».
Sinal positivo dos tempos, dir-se-ia. Como se lê hoje neste trabalho do Público, alguns nomes consagraram o seu estatuto no espectro da opinião pública portuguesa a partir dos blogues; alguns sectores da sociedade ganharam expressão a partir dos blogues; alguns laços se criaram entre elementos de uma comunidade que começou como uma pequena tribo para ser hoje uma nova versão da ‘aldeia global’ de McLuhan…
Pena, no entanto, que, sendo um país de blogues, não possamos dizer-nos também «um país com uma opinião pública numerosa, interessada e interveniente»!
Correio de Manhã festeja 29 anos com “site” renovado
Não se trata de uma revolução, mas o “site” do CM está mais arrumado (http://www.correiodamanha.pt/) . Lê-se melhor. E vê-se mais. Há ainda espaço para fotografias, o que constitui uma novidade nesta renovação ao nível do “on line”. Pena que os artigos do dia não estejam acessíveis. Pelo menos, a esta hora da manhã (ainda) não estão. Destaque-se o “link” “29 anos a abraçar Portugal” que remete para um suplemento (em papel) onde, cite-se, “estão as vidas, as dificuldades, as aspirações e a vontade de vencer e servir a sociedade de mais de meia centena de portugueses de Trás-os-Montes ao meio do Atlântico, dos campos e das cidades e, obviamente, das zonas mais populosas onde o CM é mais vendido e imprescindível”.
Jornalismo do Cidadão?
À margem de um post de ontem neste blogue, um leitor do Jornalismo & Comunicação dava conta de um vídeo que, depois de ter sido colocado no You Tube, estava a ser replicado pelo Expresso Online. Está agora também no público.pt. Trata-se de um episódio de agressão numa sala de aula, filmado por um aluno com o telemóvel.
Considerações à parte sobre o que se terá passado realmente, retomam-se as questões aqui deixadas ontem. Seria interessante continuarmos este debate:
«1. Deve ou não o vídeo ser divulgado? Está no youtube e de acesso generalizado, mas devem os órgãos de comunicação social “tradicionais” ampliar o efeito?
2. Que papel terá o telemóvel (com vídeo) na divulgação das situações várias do nosso quotidiano? É um “realizador” em cada um de nós? Ou um big brother?»
Em diálogo de qualquer lugar que seja notícia
Em http://cheiroapolvora.blogs.sapo.pt/, o jornalista da RTP Luís Castro não abre espaço apenas aos seus trabalhos, emitidos na televisão pública, a partir do Iraque. Deixa as impressões que a reportagem no terreno lhe provoca e, acima de tudo, dialoga com quem passa neste blogue e deixa ficar lá alguns comentários. Uma forma de estabelecer o diálogo que a TV (ainda) não proporciona.