Os McCann e os media

Sugestão de leitura: as notas de Greenslade sobre o debate de ontem na London School of Economics em torno do tema “The McCanns and the media”. Apesar de Roy Greenslade entender que se tratou de um debate banal (se se esperava que produzisse mais calor do que luz, acabou por não produzir, segundo ele, nem uma coisa nem outra), há por lá considerações sobre os media portugueses, nomeadamente da parte de Clarence Mitchell, porta-voz oficial dos McCann:

He explained how British journalists relied for most of their stories on the Portuguese papers that also ran speculative and unverifiable material. After being spun in British tabloids, the Portuguese then picked them up the following day, pretending that the fact they had appeared in the British press was “proof” of their veracity. In other words, it was a constant recycling of gossip and innuendo, none of it based on fact.

Talvez valha a pena passar, um destes dias, pelo site do Polis, ligado à plataforma que organizou o evento, onde se promete o podcast do debate. E, já agora, dar um salto ao blog Charliebeckett.org, onde se lêem outros elementos sobre o mesmo evento.

Novo livro da colecção “Comunicação e Sociedade”

Acaba de ser publicado o livro “Preto e Branco – A naturalização da discriminação racial”, que resulta da tese de Doutoramento de Rosa Cabecinhas. A autora, premiada em 2004 pelo “Alto Comissariado para a Imigração e as Minorias Étnicas”, estudou sobretudo o contributo da Psicologia Social para o entendimento do fenómeno do racismo. É seguramente um livro que se recomenda também a quem se preocupa com a reprodução de estereótipos e mecanismos de discriminação racial através dos media. [Edição conjunta do CECS e da Campo das Letras]

(Rosa Cabecinhas é docente do Departamento de Ciências da Comunicação da Universidade do Minho e membro do Centro de Estudos em Comunicação e Sociedade)

Concurso para a TDT em Fevereiro

O Governo, finalmente, anunciou que o concurso para a televisão digital terrestre arranca em Fevereiro.

Serão atribuídas frequências para os canais livres e também para os canais pagos. A plataforma por subscrição terá três multiplexers destinados a canais regionais e dois para canais nacionais.

Leia aqui mais informações sobre as regras e os prazos do concurso.

Tecnologia e figurações do humano

Comunic& Soc12

Acaba de sair o nº 12 da revista Comunicação e Sociedade, do Centro de Estudos do mesmo nome, da Universidade do Minho. Foi coordenado pelo Prof. Moisés de Lemos Martins e é dedicado ao tema “Tecnologia e figurações do humano”. Eis o índice:

Nota de abertura
A época e as suas ideias

Moisés de Lemos Martins

I. Pensar a técnica hoje

Evocação da tecnologia: fantasmas, determinismo da utopia?
José Augusto Mourão

Espaço, media e experiência. Na era do espaço virtual e do tempo real
Maria Teresa Cruz

Nota sobre o processo de exteriorização da técnica: o lugar da interacção homem-computador
António Machuco Rosa

Sociologia da blogosfera: figurações do humano e do social em blogs e hibrilogs
Pedro Andrade

Seres humanos e objectos técnicos: a noção de “concretização” em Gilbert Simondon
José Pinheiro Neves

Da tecnologia na organização à organização na tecnologia
James Taylor

II. Figurações tecnológicas

Figuras do íntimo-quotidiano na televisão: quando o mundo privado se torna mediático. O caso de SIC e TF1
Elisabeth Machado

Um mesmo sonho: o monstro de Frankenstein, o robô e o homem biónico
Lurdes Macedo

O museu digital: uma metáfora do concreto ao digital
Cláudio Oliveira

Os arquivos globais de vídeo na Internet: entre o efémero e as novas perenidades. O caso YouTube
Luís Miguel Loureiro

Da vinculação social da técnica enquanto totalitariedade – Incursões na vida desvitalizada. Considerações sobre a Second Life
Rui Pereira

III. Na era da imagem, a palavra, sempre

O que pedem as palavras?
Anabela Gradim

A difícil arte de perguntar: aporias e apostas da redacção do questionário para inquérito sociológico
Albertino Gonçalves

IV. Leituras e Reflexões

Bom senso

” (…) Mas, que diabo, não haverá no PSD quem lhe explique que apreender empadas e pastéis de bacalhau ou fechar restaurantes com baratas não é bem a mesma coisa que torturar e matar pessoas?”

Manuel António Pina, in Jornal de Notícias, 30.1.2008

Aprender áudio na redacção ou na aula

Em Teach audio in your newsroom or classroom (here’s how), Mindy McAdams sugere uma via simples e acessível de passar do saber ao fazer e aprender a editar áudio: “Some people are great doers and poor teachers. Some people can become great teachers with just … a little … help! This post is designed to teach you how to teach audio gathering and audio editing for online journalism. You can use this method for young students, old journalists, or anyone in between”.

TIC não pronunciou Cintra Torres

O Tribunal de Instrução Criminal decidiu-se pela não-pronúncia de Eduardo Cintra Torres e de José Manuel Fernandes, respectivamente crítico de televisão e director do jornal Público.

A decisão judicial surge na sequência de uma queixa-crime apresentada pela RTP e pelos então membros da respectiva Direcção de Informação, a propósito da publicação, em 20 de Agosto de 2006, do artigo “Como se Faz Censura em Portugal”, e subsequentes desenvolvimentos.

O despacho afirma que ‘os autos não fornecem indícios bastantes que permitam concluir pela provável condenação dos arguidos em julgamento’ pela acusação da ‘prática dos crimes de difamação e injúria com publicidade através da imprensa’.

“Considero esta decisão um alento para a liberdade de imprensa em Portugal, para a liberdade em concreto dos jornalistas e dos comentadores dos media em Portugal”, salienta Cintra Torres, em comentário à decisão do Tribunal.

Assinalar os 50 anos do “Telejornal”

Em Outubro de 2009, o Telejornal da RTP1 festeja os seus 50 anos. Para além do simbolismo da data, há ainda outros elementos que tornam mais relevante esse aniversário: ao reflectir aquilo que se considera serem os acontecimentos mais importantes de Portugal e do mundo, o Telejornal vai espelhando um certo modo de olhar a nossa sociedade e, simultaneamente, desenhando um determinado espaço público. Por outro lado, este programa vai não só absorvendo o modo de fazer jornalismo próprio de uma época, como também ditando diferentes contornos para o campo jornalístico que, nestes anos, foi adquirindo renovadas configurações.

Uma equipa de investigadores do Centro de Estudos Comunicação e Sociedade da Universidade do Minho (CECS), dando continuidade à investigação que vem desenvolvendo sobre a informação televisiva, vai assinalar os 50 anos do Telejornal com um conjunto de iniciativas. Uma delas será a edição de um número da revista “Comunicação e Sociedade” (nº 15) dedicada aos noticiários televisivos, que pretende sistematizar os estudos desenvolvidos neste domínio. Neste contexto, convidamos os membros da SOPCOM, principalmente os membros do GT de Estudos Televisivos, a participarem neste número. Pretendemos reunir textos que incidam nos seguintes aspectos:

* Lugar do telejornal na programação dos canais generalistas ao longo dos 50 anos

* Alinhamentos dos noticiários (em período de monopólio e/ou pós-privadas)

* Informação e serviço público de televisão

* Telejornal enquanto género em mutação

* Tendências de evolução da informação televisiva no contexto do digital

* Estado da arte sobre a investigação académica da informação televisiva

* Linhas de estudo/análise da informação televisiva

Os autores que desejem submeter artigos devem enviar os originais em formato electrónico até 30 de Abril para cecs@ics.uminho.pt e felisbela@ics.uminho.pt  

Auto-regulação avança

Três notícias sobre iniciativas muito recentes (e muito concretas, e muito interessantes…) nos domínios da auto-regulação:

1) O Expresso reformulou e ampliou o seu Código de Conduta, conforme tinha anunciado na edição comemorativa do seu 35º aniversário. É útil que os leitores o conheçam, para que possam também apreciar o seu cumprimento.

2) Em Espanha, o diário Público (não confundir com o homónimo português) adoptou, numa iniciativa pioneira, um código auto-regulador especificamente para a informação sobre violência de género. Indicações muito precisas sobre a terminologia a utilizar, sobre procedimentos a não esquecer, constituem um compromisso do jornal com os seus leitores em forma de “Dez Mandamentos”. Como o próprio periódico explica: “A partir de ahora, desde la redacción de Público nos comprometemos a que nuestro decálogo sea de obligado cumplimiento y pedimos a nuestros lectores que así nos lo exijan“.

3) Ainda em Espanha, o jornal LaVanguardia.es – edição digital do conhecido diário de Barcelona La Vanguardia — decidiu criar um Conselho Editorial dos Usuários, espécie de órgão auto-regulador que diz pretender “romper la historica distancia existente entre los medios informativos y su audiencia”. (Informação recolhida no blogue E-Periodistas, de Ramón Salaverría, que recorda, a propósito, a criação, em 2006, de um outro organismo semelhante: um Conselho de Leitores na revista Tiempo).

Call for papers

Está aberto o call for papers da revista semestral online Prisma.com, do Centro de Estudos das Tecnologias, Artes e Ciências da Comunicação (CETAC), da Universidade do Porto. A próxima edição será publicada em Julho e terá como temática principal a Comunicação em Ambientes Virtuais. A data limite para o envio dos artigos é o dia 30 de Abril.

Mais informações aqui (em pdf).

“É preciso uma info-ética”

“When communication loses its ethical underpinning and eludes society’s control, it ends up no longer taking into account the centrality and inviolable dignity of the human person”
(…)
“For this reason it is essential that social communications should assiduously defend the person and fully respect human dignity. Many people now think there is a need, in this sphere, for ‘info-ethics’, just as we have bioethics in the field of medicine and in scientific research linked to life”

Excertos da mensagem do Papa Bento XVI para o Dia Mundial das Comunicações, que a Igreja Católica assinala a 4 de Maio.
Mensagem completa(em inglês) aqui.
ACT: Mensagem completa em português aqui.

Media 2.0 em Portugal?

Vai um debate interessante no blogue Mas certamente que sim! em torno do problema do “fosso em que os portugueses caíram”, relacionado com o “media 2.0”. Já na parte dos comentários, diz Paulo Querido que “os ‘gestores’ dos media andaram anos a lamuriar-se, ‘oh, mas onde está o dinheiro na Internet’ em vez de trabalharem, atrasaram-se e foram comidos”.

Para além do caso do Sapo, uma pergunta que talvez seja interessante colocar é: por onde passa a saída do fosso (supondo que é mesmo um fosso – e provavelmente é)? Onde estão já os sinais, ainda que incipientes, de saídas ou de caminhos alternativos?

“Quem tem um rádio…”

«Quem tem um rádio não está só. A emissão de rádio é a luz na escuridão que ilumina os nossos pensamentos e torna visíveis os seres amados.»

Sinais, Fernando Alves, TSF

Estudo europeu sobre literacia mediática

Encontra-se disponível um vasto estudo sobre “Current trends and approaches to media literacy in Europe”. Foi coordenado pela Universidade Autonoma de Barcelona, e realizado na segunda metade de 2007 na sequência de um concurso internacional lançado pela Comissão Europeia. Cobre a UE e vários outros países não membros. O CECS – Centro de Estudos de Comunicação e Sociedade da Universidade do Minho foi responsável pela parte relativa a Portugal.
O dossier compõe-se dos documentos seguintes:

Executive summary
Final report
Bibliography and Sources
Media Literacy profile – EUROPE
Country profiles

AUSTRIA HUNGARY SLOVENIA
FINLAND IRELAND SPAIN
FRANCE ITALY UNITED
KINGDOM
GERMANY PORTUGAL