Para vender um livro

Para vender “The Cult of the Amateur – How Internet is Killing Our Culture“, veja-se a que se submete o seu autor, Andrew Keen (clicar na imagem e aguentar o anúncio inicial do vídeo):

Actas de um forum internacional

comunicacion-y-genero.jpgComunicação e género” é um nutrido volume com as actas de um Forum internacional que sobre o mesmo tema decorreu em Lugo, Galiza, em Outubro e Novembro.

Estas actas são editadas por Luis Álvarez Pousa, Ana Belén Puñal Rama e Joám Evans Pim, abordando matérias como a representação da mulher nos media, mulheres jornalistas, violência doméstica, linguagem sexista, etc. Nelas se inclui também o texto da comunicação de duas investigadoras – Zara Pinto Coelho e Silvana Mota Ribeiro –  do Centro de Estudos de Comunicação e Sociedade da Universidade do Minho, intitulada “Imagens publicitárias, sintaxe visual e representações da heterossexualidade”.

Parabéns, Clara!

O Jornal da Noite da SIC está diferente! Eduardo Cintra Torres fez já, num texto publicado no P2 de sábado passado, uma leitura das mudanças introduzidas no principal serviço noticioso da SIC [“Mas não falemos de notícias” – P2, p. 14, ed. de 24/11/2007].  Acrescento a esta leitura algumas interrogações:

  • Não significará esta alteração de estilo de apresentação (com dois pivots que interagem entre si) uma espécie de tabloidização da informação televisiva?
  • Não soará este estilo pretensamente mais descontraído a uma certa confusão entre informação e entretenimento?
  • José Rodrigues dos Santos  pisca o olho aos telespectadores do Telejornal da RTP. Rodrigo Guedes de Carvalho e Clara de Sousa “mandam piropos” um ao outro. Será isto sinal de que também a informação televisiva tem que ser mais apelativa, sob pena de não sobreviver ao zapping

Devo dizer que não me desagrada completamente  esta nova forma de falar “do país e do mundo”, mas que ainda estranho… ah isso estranho! Sobretudo, quando, como hoje, os pivots também são notícia, terminando-se o Jornal da Noite a dar os parabéns à Clara de Sousa pelo seu aniversário.

Doutoramento de João Canavilhas

É já amanhã que se realiza em Salamanca a discussão pública da tese de doutoramento de João Canavilhas, especialista em ciberjornalismo. Trata-se de uma das primeiras dissertações em Portugal, se não da primeira, sobre as especificidades do jornalismo produzida na e para a web.

Aquele docente e investigador da Universidade da Beira Interior apresenta uma tese intitulada “Webnotícia: Propuesta de Modelo Periodístico para la WWW“, a qual contou com a orientação dos Profs. Juan Jose Igartua e António Fidalgo.

O acto tem lugar às 11 horas na Sala de Grados da Faculdade de Ciências Sociais da Universidade de Salamanca.

Recorde-se que João Canavilhas tem tido um papel de relevo nos debates sobre os processos de produção jornalística na web, propondo a ideia da ‘pirâmide deitada‘, em vez da conhecida ‘pirâmide invertida’.

ACT. (28/11):

O ‘tribunal’, como se diz em Espanha, atribuiu, por unanimidade, a nota máxima à tese de João Canavilhas e à sua performance durante a discussão pública: ‘sobresaliente cum laude‘. Agora só falta editar o texto (que se encontra em espanhol) em livro, para que todos os interessados possam ler e estudar o trabalho.

‘OhmyNews’ cria uma escola

O jornal sul-coreano OhmyNews, um caso de referência internacional no campo do jornalismo participativo, acaba de criar uma Citizen Journalism School, centro comunitário de formação centrado no ensino do jornalismo e em conteúdos produzidos pelos utilizadores.
Os responsáveis do jornal recuperaram uma velha escola rural a 90 km da capital do país, numa zona carregada de sítios de valor histórico, que vão de velhas bases militares a templos budistas. A ideia é melhorar as competências dos milhares de cidadãos que já participam na produção de conteúdos daquele jornal e capacitar outros que o queiram fazer no futuro. No OhmyNews ou noutros espaços de jornalismo participativo.
O plano de formação inclui a formação em jornalismo, workshops de escrita e uso da fotografia e vídeo digital na informação de actualidade.

Impacto ambiental dos jornais

Acaba de sair, em Estocolmo, Screening environmental life cycle assessment of printed, web based and tablet e-paper newspaper, da autoria de Åsa Moberg, Martin Johansson, Göran Finnveden and Alex Jonsson (Reports from the KTH Centre for Sustainable Communications). É um estudo sobre os potenciais impactos ambientais de tr~es tipos de produtos: jornal impresso, jornal baseado na web e e-paper.

Explicando melhor:

“When an e-paper is used instead of a printed newspaper, the paper, the printing and the physical distribution of the printed paper is avoided. The e-paper device has substantially lower energy use during downloading and reading as compared to using a computer for reading newspapers on the web. Thus, it has been suggested that the environmental impact can be lower than for printed and web based newspapers. However, a life cycle perspective covering raw material acquisition, production, use and disposal, should preferably be used to study the environmental performance of the
products. In this way the shift of environmental impact from one part of the life cycle to another can be avoided”.

Internet ‘Far West’

Depois de ler com atenção a prosa de João César das Neves no DN de hoje lembrei-me, de imediato, de uma publicidade a uma bebida que nos falava dos copos meio-cheios ou meio-vazios.
Excertos:

(…) não há dúvida que numa grande parte dos blogs, mensagens, comentários e sites de debate dominam o pedantismo e a grosseria, maldade e despeito, vacuidade e a mais pura e prístina estupidez.
(…) a Net tende a trazer ao de cima os instintos mais baixos dos que a frequentam. Uma prova desse facto é que muita gente põe em blogs e e-mails coisas que teria vergonha de dizer ao telefone, escrever numa carta ou publicar em jornais ou livros. Aliás vê-se que, interpelado ou confrontado com o que escreveu, frequentemente o autor cai em si e admite ter-se deixado levar pelo meio. O que prova que existe algo nessa forma de comunicação que motiva o dislate.
(…)
Perante um choque, como ao nascer de um novo continente ou forma de comunicação, a tradição é pulverizada. Então, no Far West e Internet, como nas revoluções, uma sociedade vive algum tempo com uma estrutura cultural mínima, que não chega para orientação. Nessas fases da História, e enquanto não se criam novos quadros de referência, vêm ao de cima os instintos mais básicos e boçais. É isso que por enquanto se vê na Net, apesar dos esforços intensos que um dia conseguirão civilizá-la.

Independentemente da posição relativa, parece-me que o conhecido economista tenta, com a sua prosa (e até mesmo com as cuidadas aparições do que parecem ser notas de equilíbrio) dizer-nos que no fundo, no fundo, nisto da participação individual ou colectiva na Net existe apenas uma forma de avaliar a situação – é mau.
É mau porque não há regulação e é mau porque o Homem, sem regulação, tende a comportar-se de forma boçal.

Não é verdade.
Olhar para a Net valorizando o que ela produz de erro, exagero e até mesmo boçalidade pode – como prova JCN – desviar-nos do mais importante – a riqueza da Net está precisamente na sua natureza original, na sua existência e florescimento sem núcleo, na facilidade com que nos apropriamos de algumas ferramentas e delas fazemos o que queremos.

Isso é, potencialmente, uma oportunidade magnífica…com riscos.
Não é o contrário.

Leituras: Benjamin e comunicação participativa

Dois números recentes de revistas disponíveis online:

“Não vamos discutir isso”?

Na entrevista feita pelo DN a Mário Soares deixa-se em aberto um tema (recorrente) que não deveria ficar na gaveta. É enunciado assim:

DN – E hoje, o PS?
MS – Bem, hoje o PS está perante uma invasão e uma pressão enorme, não da direita política – que neste momento, representa, infelizmente, pouco… Eu gostaria que a oposição, sobretudo a do PSD, fosse uma oposição forte e coerente, porque isso é útil para um partido de Governo como o PS, sobretudo tendo maioria. Mas a pressão vem do lado direito… Dos interesses, de toda a imprensa, de toda a opinião. A opinião que a imprensa procura fazer vem sempre do lado direito. Se vir hoje, não há nenhum jornal que veicule as ideias da esquerda em Portugal, o que é triste.

DN – A sua opinião sobre a imprensa é curiosa porque é normal ouvirmos políticos de partidos de direita dizer que a generalidade da imprensa é de esquerda. Por isso, a sua opinião aqui é curiosa…
MS – Se calhar alguns dizem isso porque acham que não é suficientemente de direita [risos].

DN – Bom, mas não vamos discutir isso…
MS – [Risos] Não, não vamos, vocês ficariam mal se discutíssemos isso…

Questionar a profissão

“[…] se assim era no meu tempo de jovem repórter, pior é ainda hoje, porque maiores são os constrangimentos e as ameaças: a competição desenfreada, o desemprego, a contenção de custos e o impacto das novas tecnologias. O sistema pressiona o jornalista, esmaga o jornalismo. A informação era um serviço. Passou a ser mais uma mercadoria, é promovida como tal. Os cidadãos ficaram reduzidos a meros consumidores. A opção lógica é, portanto, dar-lhes o que querem, já que o freguês tem sempre razão. O ‘infotainment’ alastrou, invadiu as páginas dos jornais. É provável que a confusão de géneros acabe por fomentar a apatia. É uma perspectiva preocupante porquanto a democracia não depende só da eficácia das instituições e do desenvolvimento tecnológico, mas também e sobretudo dos cidadãos. E a informação é vital. É por isso que os jornalistas não podem ser acríticos, inofensivos, irresponsáveis e objectivos. (…) Aprendi com Bill [Kovach] a questionar-me, enquanto jornalista. E a questionar a profissão. ‘É crucial que os jornalistas definam claramente os valores e as responsabilidades comuns do jornalismo, na perspectiva da promoção da cidadania’. É, portanto, urgente repensar as regras sob pena de o jornalismo se tornar dispensável”.

Rui Araújo, in Público, 25.11.2007, na última crónica como Provedor do Leitor

Luís Castro problematiza o “caso Maddie” em livro

Por que Adoptámos Maddie é, a par do relato dos factos que envolveram o desaparecimento da criança inglesa da praia da Luz na noite de 3 de Maio, uma (excelente) oportunidade para reflectir acerca da gigantesca cobertura mediática de que foi alvo este caso, que rapidamente se dimensionou à escala global. O autor do livro, o jornalista da RTP , conversou com 24 personalidades (responsáveis policiais, magistrados, académicos, políticos, jornalistas…), procurando com os seus entrevistados respostas à questão que estrutura o título do seu livro.

Na contracapa, lê-se o seguinte:
E por que razão lhe passámos a chamar ‘Maddie’, quando os pais e os familiares nunca o fizeram? Sempre os ouvimos tratar a menina por Madeleine. Na verdade, procurámos uma designação que exprimisse a diminuição do tamanho do ser, que adoçou, que encurtou a distância e criou laços emotivos e de familiaridade. ‘Maddie’ deixou de ser filha dos McCann e passou a ser filha do mundo. Esta é a grande história jornalística dos últimos anos e todos nós acabá
mos por adoptar Maddie.”

Luís Castro é jornalista da RTP desde 1992. Foi editor de Política, de Economia e Internacional na RTP-Porto e coordenador do programa de informação “Bom Dia Portugal”. É, desde 2004, coordenador do ” Telejornal” da RTP. É autor de Repórter de Guerra (Ed. Oficina do Livro), brevemente a ser traduzido na China. O lançamento deste livro está marcado para amanhã, às 21horas, na livraria Bertrand do Centro Comercial Vasco da Gama, em Lisboa. A apresentação caberá ao Presidente da Entidade Reguladora para a Comunicação Social, Azeredo Lopes.

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Novos actores na informação de actualidade

Foi esta semana defendida em França a tese de ‘master’ Le Journalisme Citoyen – Pour une meilleure citoyenneté ?, de  Jean-Baptiste Kechi, na Universidade Blaise-Pascal (IUP d’Ingénierie de l’Information et de la Communication de Clermont-Ferrand).

A tese articula-se em três partes, a saber: a) o trabalho do jornalista e o seu papel no exercício da cidadania; b) o modo como o jornalismo colaborativo pode ser qualificado como cidadão; c) dois modos complementares ao serviço da cidadania.

Um defensor das realizações e potencialidades do ‘jornalismo dos cidadãos’, o autor sublinha as respectivas vantagens nomeadamente no plano do chamado ‘jornalismo hiper-local’. E termina com esta nota:

“Les médias traditionnels considèrent cette nouvelle forme d’information comme une menace pour leur avenir. Le prochain grand chantier pour l’industrie de l’information sera d’arriver à travailler en bonne intelligence avec cette myriade de nouveaux acteurs qui, bien loin de vouloir détruire le système, cherchent à apporter leur pierre à l’édifice de l’information”.

Blogs encerrados por incitarem à anorexia

A Microsoft Espanha tomou esta semana a decisão de encerrar quatro blogues cujos conteúdos incitariam à anorexia e bulimia.

A iniciativa foi tomada por solicitação da Agência Catalã de Qualidade da Internet (Iqua), que monitoriza as páginas da rede.

Trata-se da primeira decisão deste tipo que toma em Espanha uma empresa que aloja blogs. As companhias, quando alertadas para este tipo de conteúdos, costumam responder que só os modificam ou suprimem mediante decisão judicial, explicou a Iqua.

Via: MiPunto.com

Tablóide? Esta primeira?

Olhando para as primeiras páginas dos principais diários britânicos de hoje uma só consegue inquietar-nos, como o jornalismo deveria fazer todos os dias – o Sun.
Um território que, há alguns anos, identificariamos como quase propriedade exclusiva de um outro diário, o Independent, ocupado agora por um tablóide – a foto cuidada, a foto que sintetiza uma mensagem (e não me parece, no enquadramento em causa, que seja relevante o facto de se tratar claramente de uma composição e não de um instantâneo).
É cada vez mais difícil compartimentar.

Eurostat – Estatísticas das Indústrias Culturais

Olhando para a última década de produção cultural europeia o mais recente Pocketbook do Eurostat apresenta-nos um cenário de progressiva quebra a partir do início deste século com a produção a aproximar-se dos níveis de 1996; a indústria dos bens de consumo, essa, cresce a bom ritmo.
O relatório completo aqui (versão em inglês).

Encontrei a informação no Comunisfera.