“Conseguimos saber em primeira mão que hoje os jogadores vão comer uma sopa de grelos

“(…)

– Zé, e a propósito de jantar, o que é hoje o jantar da selecção?
– Olha, Tó, conseguimos saber em primeira mão que hoje os jogadores vão comer uma sopa de grelos, bife de vaca grelhado e uma sobremesa à base de maçã.
– E, café, podem beber café? E café? E café? Podem beber café?
– Segundo conseguimos apurar, ao jantar os nossos jogadores são aconselhados a ficarem-se pelo descafeinado, para não se excitarem, o treino começa de manhã e depois vem o jogo amigável. De forma que…
– … que não se podem excitar. Já percebemos. Zé, a propósito, as mulheres dos jogadores já chegaram?(…)”

Eduardo Cintra Torres, Isto está uma loucura, in Público, 31.5.2008

Microblogging |2|

  • Amanhã, sábado, a partir das 13 horas (GMT) bloggerse podcasters do mundo hispânico realizarão a III Maratona Podcastblog. Ao longo de mais de 36 horas debarter-se-ão a Internet, as TIC, o poder dos blogues, a censura na net, a filosofia da rede, podcasts educativos, etc. AQUI streaming para seguir em directo.
  • No número de Junho-Julho da American Journalism Review estes dois textos: Murky Boundaries – What are the guidelines for the personal blogs of journalists who work for mainstream news organizations? (Kevin Rector) e Bridging the Abyss Why a lot of newspapers aren’t going to survive  (Charles Layton).
  • Entrevista de John Byrne, director executivo da BusinessWeek e responsável pela BusinessWeek.com decalara ter sugerido à sua equipa que cada sábado toda a homepage fosse ocupada com conteúdos produzidos pelos utilizadores: “We need to think more about our audience“.

À espera dos hooligans

Um título no mínimo irónico que remete para uma notícia que até inclui vídeo: “La Suisse rouvre une prison désaffectée pour accueillir les hooligans de l’Euro“. Está no diário Le Monde.

“Um bicho diferente dos media tradicionais”

Francis Pisani partilha no Transnets algums reflexões a propósito de um colóquio em que participou em Itália e onde escutou responsáveis de media de diversas partes do mundo:

” (…) Le doute m’a pris, malgré tout, quand, écoutant discours après discours, je me suis parfois demandé si tous les orateurs comprenaient ce dont ils parlent en évoquant le web (qu’ils tendent à confondre avec l’internet). Tous ne semblent pas réaliser combien c’est un animal différent des médias traditionnels.

Ils savent qu’il n’est pas possible de se contenter de mettre en ligne, sous une forme légèrement différente, du contenu initialement prévu pour le papier ou pour la radio. Mais je n’ai pas eu l’impression que tous assimilaient le fait que les médias traditionnels ont en commun de s’insérer dans la logique du “one to many” alors que le web tire sa vitalité du fait que c’est une plate-forme sur laquelle nous allons trouver des informations obéissant aux logiques bien différentes du “many to many” (…)”.

Site do Clube de novo activo

“Questões de natureza técnica” fizeram com que o «site» do Clube de Jornalistas tenha estado inacessível quase três semanas (desde o dia 8 até ontem). Desde hoje que é de novo possível aceder aos conteúdos deste espaço informativo sobre o campo jornalístico.

Ecos do V SOPCOM na revista OBS*

Acaba de sair mais um número da revista OBS*, do Observatório da Comunicação, coordenado por Gustavo Cardoso e Rita Cheta. Nesta edição, uma parte é constituída por um bloco de artigos em inglês, apresentados num seminário realizado em 2007, em Moscovo, sobre “Future Directions in Broadband Scenarios and New ways to Design Scenarios”. O segundo bloco compreende um conjunto de textos apresentados no V Congresso da SOPCOM, realizado em Setembro do ano passado (e cujas actas estão prestes a sair). Desses textos, cujos títulos e links se indicam a seguir, dois são de duas doutorandas da Universidade do Minho (o primeiro e o último), sendo o segundo de um mestre pela mesma Universidade (esta referência, em si mesma, não retira, obviamente, nem mérito aos outros textos nem acrescenta mérito aos salientados; deve-se apenas ao facto da sua proximidade com a equipa deste blogue):

  • Carla Braga Cerqueira, A Imprensa e a Perspectiva de Género. Quando elas são notícia no Dia Internacional da Mulher: PDF
  • Fernando Zamith, Uma Proposta Metodológica para analisar o Aproveitamento das Potencialidades Ciberjornalísticas da Internet: PDF
  • Nelson Vieira, As Literacias e o Uso Responsável da Internet: PDF
  • Miguel José dos Santos Coelho, As Relações Públicas e a Gestão da Comunicação em Portugal: PDF
  • Maria Manuel Borges, A Propriedade Intelectual: do Direito Privado ao Bem Público: PDF
  • Rita Figueiras, A Agenda dos Comentadores e a Política Nacional nos Artigos de Opinião: PDF
  • Marisa Torres Silva, As Cartas dos Leitores no Público e no Diário de Notícias: PDF
  • Francisco Costa Pereira e Jorge Veríssimo, A Mulher na Publicidade e os Estereótipos de Género: PDF
  • José Ricardo Carvalheiro, Etnicidade e os Média: o “arrastão” de Carcavelos na Imprensa: PDF
  • Inês Albuquerque Amaral, A @migração para o Ciberespaço: a Dimensão Social dos Mundos Virtuais: PDF

Pollack, “A Calúnia” e o jornalismo

“África Minha”, “Os Cavalos Também se Abatem”, claro, mas também a trajectória de realizador televisivo (série “O Fugitivo”, por exemplo) – tudo isto a morte de Sidney Pollack nos faz lembrar. Mas é para “Absence of Malice”, que por cá circulou como “A Calúnia” que chamo a atenção, na esperança de que as gerações mais novas , para quem este filme possa ter passado despercebido, o descubram, ou gerações mais velhas o voltem a revisitar.

Em “A Calúnia” tematiza-se uma questão que eu diria cada vez mais actual: a manipulação dos jornalistas pelas suas fontes de informação. Mesmo dos jornalistas que não são venais, que querem ser sérios. Num clima de concorrência desenfreada, jovens sedentos de mostrar o que valem, estão particularmente vulneráveis e a vigilência nunca é excessiva. Porque a sofisticação dos processos ultrapassa com frequência o engenho mais prodigioso.

“Categorias de media sociais”

Fred Cavazza, um consultor e especialista francês de assuntos relacionados com a Internet e web 2.0, propõe uma tipificação interessante dos chamados “media sociais”, com interesse (variável) para o campo jornalístico:

O autor, que expressa algum distanciamento face ao conceito de web 2.0, sugerindo que está esgotado, adopta, em alternativa, o de media sociais. E acompanha esta listagem de um conjunto de observações judiciosas, salientando, num dos pontos: “Rassurez-vous, nous n’en sommes qu’au tout début des médias sociaux”.

À consideração da RTP…

… o comentário intitulado “O drama de Pacheco Pereira, Nuno Brederode … e dos telespectadores da RTP“, colocado num sítio improvável e, por conseguinte, susceptível de passar despercebido.

Sobre a “gaffe” de Hillary Clinton

Sugestão de leitura:

Hillary assassinada em Maio, de Ferreira Fernandes, no Diário de Notícias

“Inventing is your task”

O decano da quase centenária Escola de Jornalismo da Universidade de Columbia (Estados Unidos da América), Nicholas Lemann acaba de reconhecer, num discurso há dias pronunciado perante os estudantes, que a profissão de jornalista mudou “profundamente”, considerando apenas os cinco anos que ele leva de mandato. E uma mudança tão profunda exige repensar os pressupostos e as práticas da profissão. É nesse sentido que fala na necessidade de uma “reinvenção” do jornalismo.

Eis alguns excertos:

“(…) Most of the individual aspects of a traditional newspaper are available on the Internet, for free. Newspapers are still producing great quantities of original information, thanks to the hard work of people like you, but they no longer have local quasi-monopolies as sources of information. Their audiences are now primarily on the Internet—that wasn’t the case just a few years ago. And, even more recently, on the Web the lines between the various originating media have started seriously blurring. On the front pages of newspaper Web sites, you’re starting to find what we would recently have taught as television stories—video and audio presentations a few minutes long. Television sites publish what we teach as newspaper stories—stories made up only of printed words, without images. Magazine sites publish animated cartoons. And so on. The tectonic plates underlying our profession—those traditional categorical divisions by type of news, by news medium, by geography—are palpably, and rapidly, rearranging themselves. (…)

You soon-to-be graduates are a diverse lot. You come from all over the world, work in every news medium, and cover the whole range of complicated subjects–but every one of you is a reporter: You know how to gather information, primarily through in-person interviewing, and to present it accurately, fairly, and engagingly. I would urge you, however, not to take it for granted that the best way to present information is an 800-word, all-text, pyramid-style news story—a method of presentation that grew up in the nineteenth century and dominated our profession for most of the twentieth, but may not in the twenty-first. And, as you’re well advised to be creative about how to present each individual story, the news organizations you work for are going to have to be similarly creative about figuring out, in the aggregate, what package of material they are presenting. It is going to have to be something unobtainable elsewhere—a rich mix of information about a community or a subject that the news organization’s Web site puts together more powerfully and efficiently than anybody else. It is not going to look just like the package of material that populates a newspaper now. Inventing this is your task.(…)”.

Microblogging

Bento XVI e a ética nos media

“Incentivo-vos a dar maior atenção aos programas académicos do âmbito dos meios de comunicação social, em especial nas dimensões éticas da comunicação entre as pessoas, num período em que o fenómeno da comunicação ocupa um lugar cada vez maior em todos os contextos sociais. É importante que esta formação jamais seja encarada como um simples exercício técnico ou como mero desejo de dar informações; convém que seja muito mais um convite a promover a verdade na informação e a levar os nossos contemporâneos a reflectirem sobre os acontecimentos, a fim de serem educadores dos homens de hoje e edificarem um mundo melhor. É igualmente necessário promover a justiça e a solidariedade, e respeitar em qualquer circunstância o valor e a dignidade de cada pessoa, que tem direito a não ser lesada no que respeita à sua vida privada.

Bento XVI, discurso aos representantes das faculdades católicas de comunicação social, 23.5.08 (Fonte: Zenit)

Prelo digital

Blogs y Medios: Las claves de una relación de interés mutuo – O blogger Jose Manuel Noguera (“La Azotea“) disponibiliza online a sua tese de doutoramento, propondo este modelo: “el periodista digital como filtro cualificado de la información y como moderador-canalizador de la “inteligencia colectiva” de las comunidades en red”.

Estado de los Medios de Comunicacion 2008 – Já está disponível a tradução para espanhol do ‘executive sumary’ do estudo The State of the News Media 2008, publicado há cerca de dois meses pelo Project for Excellence in Journalism.

Torcato Sepúlveda

Morreu Torcato Sepúlveda, um homem muito bom, um jornalista muito bom, uma pessoa que nunca deixou indiferente quem com ele se cruzou. Morreu novo, demasiado novo (56 anos). Morreu demasiado de repente, mesmo para muitos daqueles que o acompanhavam de perto e receavam por doença má. E agora estamos todos tão tristes, a recordar aquela sua figura imponente, patriarcal, aquele cabelo branco a esvoaçar selvagem, aquela voz forte, enérgica, que não conhecia as meias-tintas. Porque ele, o Torcato, não conhecia as meias-tintas. O que ele achava que era, era; o que ela achava que não era, não era. Dizia-o com todas as letras, e argumentava, mesmo que fosse aos berros, mas argumentava; se lhe contrapusessem argumentos mais fortes, racionais, aceitava-os. Isto parece tudo tão simples, mas estamos tão fartos de ver por aí gente que não é nada disto, que joga com a imagem, que diz aqui e desdiz além, que faz cálculos de cabeça a ver se isto cai bem ou aquilo cai mal… O Torcato não. Era genuíno, verdadeiro, intenso e inteiro, a costela minhota (nasceu em Braga) estava lá toda, homem da terra, da terra chã, do campo, das coisas que se sentem com as mãos. E, depois, escrevia tão bem. Gostava da língua, gostava das palavras, conhecia-as uma a uma, o seu valor, a sua cor, a sua particularidade, o seu lugar específico nesta frase ou naquele texto. E era um excelente jornalista, capaz de distinguir entre o essencial e o acessório, capaz de motivar uma equipa (apesar de algumas fúrias homéricas em momentos de maior stress por causa do fecho do jornal…), capaz de dominar desde a mais simples notícia à mais elaborada reportagem, entrevista ou crítica, capaz de cortar a direito, incapaz de fazer fretes. Sério, independente, exigente, se necessário até ao excesso, esse excesso que o fazia ao mesmo tempo tão humano, tão vivo – e tão frágil, claro… Conheci-o há muitos anos, conheci-o muito, de muito perto, a ele e às suas variadas circunstâncias. Gostava muito dele, gosto muito dele. Apetecia-me estar agora aqui a escrever muito, a recordar, a contar histórias dele e da gente, a desfiar memórias, como que a ‘obrigá-lo’ a estar vivo, a estar aqui, ao pé de mim, ao pé de nós, a não o deixar ir ainda, a recusar que ele tenha morrido já, agora, tão cedo, tão depressa. Apetecia-me tanto, Torcato…

Obrigado. Muito e muito obrigado. Paz a ti.