Com exceção do Público, é residual o peso da circulação digital na circulação total dos diários portugueses generalistas, a avaliar pelos dados mais recentes da PCT (Associação Portuguesa para o Controlo da Tiragem e da Circulação), relativos aos dois primeiros meses de 2013.
A circulação total refere-se ao conjunto dos exemplares de cada edição vendidos, independentemente da modalidade, assim como ofertas.
A queda da circulação total foi da ordem dos 10% relativamente a período homólogo de 2012, tendência que se mantém há bastante tempo.
O quadro seguinte mostra os dados:
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“Pluralismo e diversidade nos media em Portugal – a blogosfera política em rede”: tese de doutoramento de Elsa Costa e Silva
Estão marcadas para amanhã, 22 de março (14h30, Anfiteatro B2 do CP2, na Universidade do Minho, Campus de Gualtar), as provas de doutoramento em Ciências da Comunicação, especialidade de Sociologia da Comunicação e da Informação, da mestre Elsa Costa e Silva, investigadora do CECS. A tese, orientada pela professora Helena Sousa (UMinho), tem por título “Pluralismo e diversidade nos media em Portugal – a blogosfera política em rede”.
O júri é presidido pelo Reitor da UMinho, sendo composto ainda por Moisés Martins, Manuel Pinto, Helena Sousa e Luís António Santos (todos da UMinho e investigadores
do CECS), Paulo Serra (Universidade da Beira Interior) e Gustavo Cardoso (ISCTE).
A investigação realizada pela candidata analisa o papel dos blogues políticos na promoção da diversidade e do pluralismo, enquanto elementos constituintes da esfera pública. Sendo um novo espaço para a participação dos cidadãos na discussão política, os blogues têm sido perspetivados como uma plataforma onde podem emergir novas vozes e alternativas no âmbito do debate democrático. O objetivo é perceber de que forma os blogues políticos portugueses podem cumprir este potencial de revitalização da intervenção cívica e política.
(Mais informação: AQUI)
Um Dia com os Média
Convocar os cidadãos e a sociedade para refletir sobre os papel e o lugar dos media nas suas vidas é o objetivo da Operação Um dia com os Media, projeto que irá decorrer no próximo dia 3 de maio, dia mundial da liberdade de imprensa, com múltiplas iniciativas por todo o país.
Esta Operação surge num tempo em que as tecnologias e plataformas digitais permitem, como nunca, que os cidadãos se exprimam no espaço público, fazendo por isso sentido que o olhar crítico e participativo relativamente aos media seja, ele próprio, um exercício de liberdade.
Promovida pelo Grupo Informal sobre Literacia para os Media, esta operação congregará um vasto e variado conjunto de atividades concebidas e realizadas pelas mais diversas instituições, tais como bibliotecas, meios de comunicação, escolas, instituições do ensino superior, grupos de alunos, centros de investigação e formação, associações, universidades de seniores, movimentos, igrejas, autarquias e outras, glosarão o mote Um dia com os media: Que significado têm os media na nossa vida e como poderiam tornar-se mais relevantes?
São diversas as ações programadas, como sejam, programas de rádio e televisão, conferências, mostras, concertos, debates, projeção de filmes, concursos escolares, ações de formação, jogo lúdicos, ações de rua, entre outras.
A lista completa de ações pode ser consultada AQUI.
Toda a informação sobre a Operação pode ser encontrada AQUI.
Grupo Informal sobre Literacia para os Media
O Grupo Informal sobre Literacia para os Media é uma plataforma que reúne entidades públicas com missões no domínio da literacia para os media, sendo presentemente constituído por: Comissão Nacional da UNESCO, Conselho Nacional de Educação, Entidade Reguladora para a Comunicação Social, Gabinete para os Meios de Comunicação Social (GMCS) e Universidade do Minho – Centro de Estudos de Comunicação e Sociedade.
Entre os muitos projetos desenvolvidos pelo Grupo, importa destacar o Portal da Literacia para os Media e o Congresso “Literacia, Media e Cidadania”, do qual resultou a “Declaração de Braga”.
“Explicar um blog não era fácil”
Depoimento de Elisabete Barbosa, Diretora de Comunicação e Projetos, uma das fundadoras do blog:
Criar e manter um blog há 10 anos atrás era uma tarefa bastante mais difícil do que é hoje. Não existiam os serviços atuais, não era possível utilizar imagens facilmente e os sistemas de comentários tinham que ser integrados no blog (pelo menos para os utilizadores do Blogger).
Mas também era mais interessante e divertido. Conhecia-se toda a blogosfera portuguesa e ainda era possível acompanhar facilmente o movimento nos EUA e no Brasil. Cada novo blog português era celebrado por toda a comunidade e as notícias sobre cada “nascimento” entusiasticamente divulgadas por outros bloggers.
Estejam ou não moribundos, os blogs foram percursores importantes do atual panorama das redes sociais. Foram os primeiros sistemas de auto-publicação, um grande passo para a democratização da Internet, o momento em que deixou de ser necessário conhecer linguagens de programação para poder publicar.
Para mim, no entanto, a principal diferença entre manter um blog hoje e há 10 anos não está na tecnologia ou no conhecimento do meio. Reside no facto de, atualmente, não ser necessário estar constantemente a explicar o que é um blog. É que não era fácil.
Parabéns ao Jornalismo e Comunicação e a toda a equipa.
Que fazer com os comentários?
O Diário de Notícias decidiu, por estes dias, passar a sinalizar todas as caixas de comentários com a seguinte advertência: “Conteúdo eventualmente ofensivo“. Na mesma nota, diz-se que “as opiniões, informações, argumentações e linguagem utilizadas pelos comentadores desse espaço não refletem, de algum modo, a linha editorial ou o trabalho jornalístico do Diário de Notícias” e esclarece-se que os textos “podem, por vezes, ter um conteúdo susceptível de ferir o código moral ou ético de alguns leitores“, pelo que “o Diário de Notícias não recomenda a sua leitura a menores ou a pessoas mais sensíveis.”
No espaço semanal de comentário que tem na SIC-Notícias, Pacheco Pereira disse que se tratava de uma postura hipócrita. Concordo. É mau demais não gerir (por opção ou por limitação de meios) os comentários mas é bem pior assumir relativamente ao delicado assunto uma postura declarada de rendição. O DN desistiu sem sequer ter tentado.
O problema que está na origem de tão bizarra atitude não é novo e não é apenas nacional. As soluções encontradas pelas empresas são muito diversas mas para algumas a guerra está longe de estar perdida.
Como explica o Provedor do Leitor do Washington Post, Patrick B. Pexton, (sim, o jornal que está a crescer substancialmente na web às cavalitas da opção errada do NYTimes) a empresa precisa de continuar a dar atenção (com moderação sensata, diz) aos espaços de comentários:
“I think that in the messiness lies virtue. Online commenting boards are an online speaker’s corner and free-speech release valve.They’re also a real-time correction and information-gathering mechanism.”
O que se perde no espaço público quando desaparece a edição impressa de um jornal
Mal souberam da decisão do grupo Mediapubli de acabar com a edição em papel do diário espanhol Público, os trabalhadores do jornal consideraram que nem sequer fazia sentido levá-lo às bancas, editando mais dois números, até domingo. Assim, ao contrário do que previa o comunicado da Mediapubli, o periódico teve esta sexta-feira a sua derradeira capa.
O Público espanhol nasceu em 2007, tanto em papel como na internet, assumindo-se desde logo como defensor do “espaço público, do interesse público, do domínio público, da coisa pública, do investimento público, da saúde pública, da educação pública e do debate público” (ver aqui entrevista com os mentores do projecto). Um posicionamento político que nunca deixou dúvidas, e produziu ao longo de quase cinco anos de edições impressas, algumas capas verdadeiramente históricas do jornalismo espanhol, como a de 29 de Setembro de 2011, cujo tema único foi a greve geral no país vizinho. Ficou também famosa a recusa do jornal em fazer determinados tipos de publicidade, nomeadamente os anúncios de sexo que remetiam para possíveis situações de prostituição.
Temáticas e abordagens que, tal como afirmaram há um mês as centenas de signatários de um manifesto de apoio à continuidade do periódico (entre os quais diversas figuras da academia e das artes), colocaram o Público no mapa mediático como voz alternativa “ao discurso único veiculado pelo poder financeiro” e como “fórum de debate para as distintas sensibilidades da esquerda”.
Se é certo que a edição online se irá manter (o site do periódico é o quarto site de informação mais visitado, diariamente, em Espanha, com mais de 5.5 milhões de utilizadores únicos), porque é que, desaparecendo a edição em papel, se percebe uma perda, de facto, para o espaço público?
Temos perseguido em anteriores análises neste blogue, uma matriz que remete para a noção do visível, relacionando-a com um pensamento contemporâneo do espaço público, no qual se cruzam dois elementos conceptuais: o visível como superfície luminosa, e o movimento dos objectos que o percorrem. Utilizando essa matriz, diríamos que o facto de se sentir uma perda no espaço público se relacionará, precisamente, com uma falha no preenchimento do visível. Dir-se-á, em contraponto, que há muito maior visibilidade em 5.5 milhões de visitas diárias online do que nos pouco mais de 80 mil exemplares que circulavam diariamente nas bancas espanholas. Mas será assim, de facto?
Não nos parece que se possa falar do visível sem a noção de partilha, que é uma noção que se relaciona profundamente com o fazer-comunidade. E a partilha não pressupõe apenas uma mera coincidência espácio-temporal das condições de observação do visível, especialmente quando este apenas se compõe de objectos em movimento acelerado, que intensificam, individualizando, a relação com o observador. Falar de uma partilha do visível é descrever a possibilidade de uma estabilidade, tanto dos objectos como dos observadores. É nessa estabilidade, nessa imobilização dos objectos e dos seus observadores, que se radica a qualificação de algumas das capas do Público como históricas. Capas cuja presença e efeitos no visível vão, assim, muito além do número efectivo de exemplares impressos: só pode ser considerado histórico o que é, antes de mais, partilhável no seio de uma comunidade cultural.
Dir-se-á, alguma vez, o mesmo, da página de entrada do site do jornal, quando esta é sempre colocada visível por um dispositivo cinético que se baseia numa lógica de intensificação da visibilização individual, isto é, uma lógica que substitui, a todo o instante, o espectador pelo utilizador?
A Rádio na frequência da Web
Está já disponível o vol.20 (2011) da revista Comunicação e Sociedade, recolhendo textos em torno do futuro da rádio em ambiente digital.
Madalena Oliveira e Pedro Portela, os organizadores deste número, dizem no seu texto de apresentação:
“Repensar a rádio no actual contexto de uma sociedade digital, ou mais especificamente no contexto da web, impõe que se repense a sua relação com a imagem, mas também, de um modo mais generalizado, os termos do seu contrato de escuta. Se é verdade que a emissão tradicional se mantém de alguma maneira na web – que nessa medida é apenas um novo dispositivo de escuta, um novo receptor do sinal radiofónico -, também o é que a oferta associada aos sítios das emissoras na Internet exige uma redefinição da sua relação com os ouvintes.”
Mais detalhes aqui (esclarecimentos e encomendas através deste endereço)
“O mundo dos media depois dos casos Wikileaks e News of the World”
A atualidade do tema é evidente: que lições devem os media tirar do que se passou com o desvendamento de toneladas de documentos classificados de distintos governos pelo Wikileaks e pela divulgação dos esquemas de corrupção e minagem da sociedade democrática que levaram à queda do jornal britânico News of the World?
O assunto vai ser objeto de uma conferência internacional a ter lugar amanhã e depois na sede da UNESCO, em Paris, e pode ser acompanhada em direto pela Internet.
A conferência é organizada pelo World Press Freedom Committee (WPFC), em cooperação com o Sector da Comunicação e Informação da UNESCO e reúne, segundo a informação divulgada, “destacados representantes de meios de comunicação, jornalistas ‘cidadãos’ e profissionais, bem como juristas especializados em media”. O objetivo é “intercambiar opiniões sobre estas questões e discutir as boas práticas no jornalismo profissional tradicional e no jornalismo cidadão na era digital.
- Como podem os jornalistas enfrentar a explosão maciça de dados em primera mão disponíveis na Internet?
- Deveriam ser reequacionados o papel do jornalista e os seus padrões éticos e profissionais?
- Como equacionar a relação entre “jornalismo cidadão” e o profissionalismo jornalístico tradicional?
- Quais são os desafios para as leis nacionais e internacionais relacionadas com a privacidade, a segurança nacional, a ordem pública e a liberdade na Internet?
- Qual o futuro das relações entre governos e meios de comunicação?
Para seguir a conferência via Internet: AQUI
Para consultar o horário e o programa: AQUI
(Créditos da imagem: News of the World/The New York Times)
O que é que o teu google diz de ti?
Diz-me com quem andas, diz-me o que pesquisas, dir-te-ei quem és. Tudo começou por causa de um artigo em que tropecei por acaso. Ou terá sido pelos desígnios do motor de busca e de toda a cabala de monitorização em que vivemos invisivelmente perscrutados, analisados e manipulados?
Já não sei o que me levou ao “The web of one”, a teia de cada um é a nova rede de Susana Albuquerque, directora criativa da Lowe Ativism, numa edição já antiga da Marketeer, mas sei o que me levou a fazer depois: investigar o que o meu Google diz de mim.
Quando procuro uma definição de portugueses, as primeiras respostas referem: “Os portugueses são o povo ou nação com origem em Portugal, na Península Ibérica ou ilhas (Açores e Madeira), no sudoeste da Europa. O português é a sua língua.” Um artigo da Wikipédia. Bastante científico e equilibrado, certo? Mas depois os resultados da minha pesquisa começam a revelar valores subjectivos atribuidos automaticamente: os portugueses são “demasiado sofisticados”; “pobres, estão desmobilizados mas consideram-se felizes”; “muito generosos”; “românticos e tradicionais”; “preconceituosos”. As fontes indicadas são: ionline, publico, dn, destak, youtube.
Experimentei internacionalizar a pesquisa, declinando a fórmula nas línguas em que pude dar um jeito. As respostas falam por si: Es cierto??? Los españoles son feos???; The English are German, the Welsh are real Britons; Les Français sont aussi stupides que les américains; Gli italiani sono matti; Die Deutschen sind ein Haufen Individualisten…
Isto é: os espanhóis têm problemas de auto-estima, os ingleses são uma fraude, os franceses não são tão bons quanto gostariam de fazer crer, os italianos são loucos e os alemães um bando de individualistas. Bate certo?
O que é que isto dirá de mim? Estará o perfil que o Google define para cada um de nós de acordo coma nossa própria percepção ou necessidades de informação? As prioridades atribuídas correspondem às que nós atribuiríamos se pudéssemos escolher conscientemente?
Lanço-vos o mesmo desafio: pesquisem “os portugueses são” e partilhem aqui os vossos resultados. Ou não… Podem ser inconvenientemente reveladores.
Porque se gere ainda o conhecimento numa lógica de escassez?
A publicação de trabalhos académicos em revistas avaliadas por pares e listadas de acordo com fatores de impacto que não são claros, que privilegiam substancialmente algumas áreas específicas e que permanecem, no essencial, inalterados há muitos anos está a ser, cada vez mais, entendida por um número alargado de académicos como um impedimento ao avanço do conhecimento.
Há quem argumente que uma circularidade maligna impera: desde que os grandes journals – já dificilmente acessíveis a não fluentes em inglês, sobretudo em áreas para além das chamadas ciências exatas – passaram a integrar listas ordenadas de ‘valia acrescida’ usadas por quem avalia carreiras académicas individuais e coletivas tornaram-se ainda mais inacessíveis, com um poder nada saudável de decisão sobre o que é ou não relevante.
Estes journals – e, como se mostrou aqui há dias, alguns deles estão longe de ter comportamentos eticamente aceitáveis – são praticamente ‘donos’ do conhecimento científico (PS, em 29.01: E querem solidificar ainda mais esse seu poder, forçando a aprovação de leis que lhes garantam rendimentos diretos a partir de fundos estatais).
Por estranho que pareça esta é a realidade em 2012, num tempo em que a web é já um espaço maduro de oportunidade para a disseminação de conhecimento.
O que impede as mudanças?
Entre as razões significativas, a fraca adesão da generalidade dos académicos a projetos ‘abertos’ e, sobretudo, a anacrónica lógica de avaliação imposta pelas entidades que contabilizam (o processo é cada vez mais quantitativo – como se de ‘produção de sapatos’ se tratasse) o que é feito.
Vem toda esta conversa a propósito de três posts de Doug Belshaw cuja leitura recomendo: Um, Dois, Três.
De um deles retiro, com a devida vénia, uma citação de Zygmunt Bauman:
“To find a new enlightening and inspiring idea (as distinct from finding a recipe for getting safely through the peer-built barricade), browsing through thousands of journal pages is all too often called for. With my tongue in one cheek only, I’d suggest that were our Palaeolithic ancestors to discover the peer-review dredger, we would still be sitting in caves…“
A rádio e a ubiquidade por excelência
Reunindo textos de 14 autores, o livro Radio and Society: new thinking for an old medium – que acaba de ser lançado pela Cambridge Scholars Publishing – considera que a rádio não apenas sobreviveu aos desafios da Internet como tirou proveito das suas vantagens para se expandir ainda mais como o mais ubíquo de todos os meios. Na nota de introdução, o editor reconhece que a rádio continua a enfrentar desafios críticos, mas admite ao mesmo tempo que a rádio é ainda encarada como um meio poderoso, influente e capaz de produzir mudança social e proveito comercial. Num campo habitualmente menos favorecido em termos de produção científica, este livro parece ser obrigatório para refletir sobre um meio que, diz o editor, «ainda está aí, ainda é interessante e importante e ainda se está a desenvolver».
Sopa, Murdock e blackouts
E assim foi: a Wikipédia inglesa ameaçou e cumpriu um blackout em protesto contra a nova lei anti-pirataria que está em discussão nos Estados Unidos. Também a WordPress (que alberga este blogue) aderiu ao protesto colocando uma página de abertura alusiva aos problemas que esta legislação poderá representar.
Juntaram-se assim a centenas ou mesmo milhares de entidades (sites, pessoas, etc) que recusam o que consideram ser uma tentativa de limitar a liberdade de expressão na internet. Já há reacções e retrocessos com senadores norte-americanos a retirarem o seu apoio à proposta.
Uma dúvida a retirar: será desta que a sociedade civil (representada também por estes sites de índole colaborativo, centenas de bloggers e cidadãos que protestaram contra a lei) ganha uma luta contra os tycoons dos media?
A rede que nos liga…e nos anestesia
No início da década de 70 do século passado, Gil Scott-Heron (desaparecido em 2011), por muito considerado o ‘pai do Rap’, dizia-nos num poderoso poema que a revolução não passaria na televisão…ela aconteceria ao vivo.
Excerto:
“You will not be able to stay home, brother.
You will not be able to plug in, turn on and cop out.
You will not be able to lose yourself on skag and skip,
Skip out for beer during commercials,
Because the revolution will not be televised.”
O texto insurgia-se contra uma TV conservadora, em conluio com o sistema político e alheia aos sérios problemas que enfrentava a comunidade negra nos Estados Unidos.
Mais de 40 anos depois verificamos que tudo (o real e o simulado, como dizia ontem o Luís Miguel Loureiro) parece acontecer ao vivo.
E, naturalmente, com consequências.
Vale a pena perder cinco minutos com a apropriação/adaptação que Ronnie Butler Jr. (o homem que já nos tinha dado em 2010 um outro brilhante momento) faz do poema de Heron.
“As notícias sobre a minha morte são um pouco exageradas”
Para quem vaticinou uma morte prematura aos blogues, o relatório da Technorati sobre o estado da blogosfera em 2011 deixa alguns dados curiosos. De acordo com o inquérito realizado, envolvendo mais de quatro mil bloggers, estes actualizaram mais frequentemente os seus blogues e passaram mais tempo a blogar.
Um sinal de dinamismo na plataforma que não resultará do entusiasmo de principiantes, já que a maior parte dos bloggers já o é há mais de dois anos. E também não podemos ver nesta realidade algum interesse material, já que 60% dos bloggers não tem qualquer retorno pecuniário pela sua interacção. Blogam pelo gozo de o fazer e têm por principal motivação partilhar conhecimentos e experiências com outros. No futuro, tencionam blogar mais frequentemente, alargar o leque de tópicos que abordam e, quem sabe, até mesmo publicar um livro.
E já agora, não, o Facebook e o Twitter não vieram substituir os blogues. Mais de 80% dos bloggers está também simultaneamente nessas duas redes sociais. Assim, parece que ainda não é desta que se matou a blogosfera.
Na web (também) vale a pena?
Percebi, esta tarde, que os sites de alguns dos principais títulos jornalísticos nacionais vestiam a cor de uma conhecida marca de supermercados.
Numa rápida verificação dei conta (por volta das 15h30) de que num universo de 13 ‘títulos’ foram sete os que concordaram com a proposta, dois deles – a TVI e o Público – aceitando não apenas preencher a tradicional ‘moldura’ a branco com a dita promoção mas ainda a inclusão dos tão populares pop-ups (no caso do site do Público percebe-se ainda, num cantinho, o tal do ‘P’ mas no caso da TVI até a identificação do canal desaparece).
Sendo estes tempos de crise generalizada seria despropositado não aceitar as razões pode detrás desta cedência. Creio, aliás, que nos casos em que não há interferência directa com os conteúdos informativos estamos perante algo que os jornais em papel já fazem, um pouco por todo o mundo, há alguns anos (PS2 – 16h50 – a referida marca optou também hoje por fazê-lo).
Nos outros – o Público e a TVI – parece-me, porém, que se dá um passo a mais.
A nota de relevo é, ainda assim, o facto de uma grande marca acreditar que faz sentido investir desta forma nos espaços informativos online. Há uns anos atrás, quando uma operadora de comunicações móveis decidiu promover a sua mudança de imagem colorindo de azul as capas de alguns dos principais jornais escolheu não apostar na web (mais aqui e aqui). Agora, aparentemente, as coisas já mudaram.
PS1 – 16h05 – Para que conste, Diário Económico e Jornal de Negócios também aderiram à campanha.