A jornalista do Público Ana Cristina Pereira apresenta hoje, quarta-feira, no Porto, e amanhã, quinta, na Feira do Livro de Braga, um livro especial. Intitula-se “Meninos de Ninguém” e é especial, a meu ver, por dois motivos. Um é que compendia reportagens – um género infelizmente com menos espaço no jornalismo do que seria desejável e que o ressurgimento do jornalismo torna imperioso. Por vezes tem-se a sensação de que a pouca reportagem que vai havendo ainda se faz contra a lógica das redacções, como um acto de resistência e de protesto de quem acredita no papel insubstituível do jornalismo e no seu género maior. Ora Ana Cristina Pereira é uma dessas. E as gentes cujas vozes nos traz neste seu trabalho são miúdos que encontra quem, como esta repórter, entra nas “traseiras da cidade”. Ela decidiu ouvi-los. É uma opção carregada de sentido e alcance. Como salienta, “os jornalistas raramente os ouvem. Tendem a ficar pelo polícia, pelo professor, pelo assistente social. Para ouvi-los é preciso estar. Para estar é preciso tempo“.
Para a ouvir a ela e perceber os meandros – os sofrimentos, as procuras, os riscos – associados ao ‘making off’ destes trabalhos e ao que eles revelam da sociedade que somos, nada melhor do que ir às sessões de apresentação que estão previstas:
No Porto há, hoje, duas sessões:
– às 18h30, no Centro Educativo de Santo António, à Rua do Melo, 6 (apresentação de Leonor Furtado, directora geral de Reinserção Social; Teresa Rosmaninho, fundadora do Soroptimist International Clube Porto-Invicta; e David Pontes, director-adjunto da Agência Lusa)
– às 22h00, no Armazém do Chá, Rua José Falcão, 180 (apresentação de Amílcar Correia, redactor principal do Público; Luís Fernandes, professor associado da Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade do Porto; e leitura de excerto por Rui Spranger, actor).
Amanhã, às 21.30, na Feira do Livro de Braga, no Parque de Exposições, “meninos de Ninguém” será apresentado pelo escritor e docente da Universidade do Minho José Manuel Mendes, com a participação da autora.
Para quem quiser ir saboreando – tanto quanto é possível saborear uma realidade que é uma “viagem pelo planeta subterrâneo” (José Manuel Mendes) – vale a pena dar um salto ao blog que a autora abriu recentemente: AQUI>
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