Afirma o Diário de Notícias de hoje, sem nuances nem fontes, com chamada de primeira página:
Rui Rio pressionou Ferreira Leite a dizer ‘não’
[“Ontem, depois de uma conversa com Luís Filipe Menezes, Manuela Ferreira Leite recebeu um telefonema de Rui Rio, presidente da Câmara do Porto e arqui-inimigo de Menezes, a pressioná-la a recusar.]
Diz hoje Rui Rio, uma das fontes que não foi ouvida pelo DN, em declarações à Lusa:
Rui Rio desmente ter pressionado Ferreira Leite a recusar convite de Menezes
[“Eu nem falei com a doutora Manuela Ferreira Leite no sábado”, garantiu hoje à Lusa Rui Rio, que desabafou: “pelos vistos, nem a 200 quilómetros de distância me deixam sossegado”]
É certo que Rui Rio poderia não ter falado no sábado, mas num dos dias anteriores, visto que a intenção de Menezes já era conhecida há semanas. É certo que se Rui Rio tivesse tido algum papel na decisão da ex-ministra das Finanças não iria reconhecê-lo em público, ainda que a personalidade objecto da alegada pressão torne a notícia menos plausível. Mas mais certo ainda é este tipo de notícias desacreditar o DN e o jornalismo. Porque lança a suspeita entre os leitores de que o jornal entra em jogadas e se coloca ao serviço de interesses particulares. Mesmo que estivesse certo do que escrevia, nunca poderia fazê-lo do modo como o fez.
Vamos ver como o jornal amanhã descalça a bota.
ACT. (15.10): “O DN sabe que Rui Rio teve um papel preponderante na decisão da ex-ministra, tendo telefonado em pleno congresso, o que não passou despercebido a algumas testemunhas. Apesar disso, ontem o autarca -uma das ausências mais notadas – viu-se na necessidade de desmentir qualquer interferência”.
Temos, assim, que:
- – “Algumas testemunhas” aperceberam-se que Rui Rio telefonou “em pleno congresso”;
- – O DN sabe (por tais testemunhas?) que Rui Rio teve “um papel preponderante na decisão da ex-ministra” (exercido através do telefonema?)
- – “Apesar” de o DN saber, Rui Rio viu-se na necessidade de desmentir.
- – Pergunta final: tratou-se de “papel preponderante”, de “interferência” ou de “pressão”?