Tudo à marretada!

Em Dezembro do ano passado, quando começou a ser feita nos Estados Unidos a divulgação do novo filme dos Marretas, o canal Fox News debateu o assunto com um especialista do Media Research Center (uma instituição que se descreve da seguinte forma: “proud to celebrate 25 years of holding the liberal media accountable for shamelessly advancing a left-wing agenda, distorting the truth, and vilifying the conservative movement.“) e no segmento foi dito que o filme não era mais do que uma tentativa de lavagem cerebral as criancinhas.

Para quem se habituou a uma existência menos exacerbada (uma descrição que englobará os habitantes da maioria dos países europeus)  isto pode parecer totalmente bizarro.
Mas a questão é que de bizarro a natural…vai mesmo só um saltinho de pardal.
Fica aqui, por isso, em jeito de aviso a todos nós, a resposta que há dias Cocas e Miss Piggy deram à Fox News.

Brilhantes, estas polémicas em que o jornalismo parece enredar-se cada vez mais por estes dias, não são?

(o que me vale é que, pelo menos para já, com a benevolência da Srª Canavilhas, ainda posso ir trauteando sem receios de maior o “mana mana tu tu rururu”)…

“Antídotos contra o ódio e o terror”

chaplin“Creio no riso e nas lágrimas como antídotos contra o ódio e o terror. Os bons filmes constituem uma linguagem internacional, respondem às necessidades que os homens têm de alegria, de piedade e de compreensão. São um meio de dissipar a onda de angústia e de medo que invade o mundo de hoje…
Se pudéssemos pelo menos trocar entre as nações, em grande quantidade, os filmes que não constituem uma propaganda agressiva, mas que falam a linguagem simples dos homens e das mulheres simples … isso poderia contribuir para salvar o mundo do desastre”.

Charles Chaplin
(Epígrafe de um dos muitos trabalhos de alunos, em que tenho ocupado estes dias e noites)

“Magia, Luzes e Sombras”

magia capa
A tese de doutoramento do Prof. Carlos Capucho, que tive o gosto de acompanhar, vai ser colocada ao dispor dos interessados sob a forma de livro. Intitula-se “Magia, Luzes e Sombras: 1974-1999, Vinte e Cinco Anos de Filmes no Circuito Comercial em Portugal”. O acto de apresentação, que contará com a intervenção do Prof. Vítor Reia Baptista, ocorre amanhã, dia 3, às 18 horas, no edifício da Biblioteca João Paulo II, da Universidade Católica Portuguesa, em Lisboa.

OberCom: privatização do consumo de cinema

“Um acentuado e generalizado reforço do processo de privatização do consumo de conteúdos cinematográficos na esfera doméstica, transversal à sociedade portuguesa”. Este é, em termos gerais, um dos principais resultados apurados num estudo agora divulgado pelo OberCOM e elaborado por Rita Cheta e Rita Espanha. O estudo, intitulado “Cinema em Ecrãs Privados, Múltiplos e Personalizados: Transformação nos Consumos Cinematográficos“, baseou-se nos dados do Inquérito Sociedade em Rede 2006, aponta para a “coexistência de várias gerações tecnológicas de consumidores de conteúdos cinematográficos, e apresenta uma realidade portuguesa de dupla face, onde, a par dos processos de mudança, coexistem os processos de resistência à mudança”. São definidos quatro perfis de consumidores:

  • Não consumidores – “cine-excluídos” – “é um perfil residual e em desaparecimento”.
  • 1ª geração tecnológica – “cine-convencionais”  – “é um perfil em erosão. Caracteriza-se pelo convencionalismo nos seus modos de consumo cinematográficos, de tipo massificado e em mono-plataforma (TV)”.
  • 2ª geração – ‘’os cine-integrados‘’ – “é o perfil maioritário. Caracteriza-se pela forte penetração do consumo de DVD na esfera doméstica e da regularidade intensiva do seu uso. Forte domiciliação dos consumos, contudo combinada com idas mais ou menos ocasionais às salas de cinema. É um perfil ainda herdeiro do consumo massificado e estandardizado de conteúdos culturais em geral, e cinematográficos em particular”.
  • 3ª geração tecnológica – “cine-inovadores” – “é um perfil minoritário mas em crescimento e afirmação. Caracteriza-se pela multiplicidade, personalização, interactividade e inovação nos seus modos de consumo de conteúdos cinematográficos. É neste perfil que as características de mobilidade dos equipamentos tecnológicos para visualizar conteúdos de cinema e multimedia se colocam com maior acuidade, através da expressão de desejo futuro na procura activa em adquirir equipamentos e plataformas móveis de alta definição para conteúdos multimedia”.