Ai a culpa agora é da fonte?…

Embora me custe, quase me apetecia dizer: ainda bem que o treinador Domingos Paciência decidiu accionar judicialmente quem escreveu e difundiu notícias, baseadas apenas numa “fonte não identificada”,  sobre um episódio que ele garante ser falso! E custa-me, mas quase me apetecia continuar: e oxalá o assunto não morra antes de chegar a tribunal mas, pelo contrário, vá até julgamento e permita que tudo se esclareça! Esta história das “fontes não identificadas”, a propósito de tudo e de nada, já não se aguenta e é tempo de tentar pôr alguma ordem na coisa, em nome do respeito pelas pessoas e da credibilidade do jornalismo.

Há um aspecto que me parece da maior importância sublinhar e que parece andar bastante esquecido: o recurso a fontes que não se identificam deve ser um recurso EXCEPCIONAL e não uma prática banal, normal, quase quotidiana. Conceder a uma fonte de informação o estatuto de confidencialidade (sobretudo quando está em causa uma notícia que pode causar dano a terceiros) é uma decisão grave e que merece muitíssima ponderação, não só pela maior fragilidade com que a informação passa a circular, mas sobretudo pelas consequências futuras que daí podem advir. Porquê? Porque a partir do momento em que concede estatuto de confidencialidade a uma fonte, o jornalista passa a assumir ELE PRÓPRIO toda a responsabilidade pela informação que vai divulgar. Se amanhã lhe pedirem que prove o que diz, ele terá de estar em condições de o fazer por ele próprio e terá de assumir esse ónus, pois já não pode repartir com ninguém as explicações e justificativos (género “foi aquele senhor que me disse…”). Dar estatuto de confidencialidade à fonte é prescindir dessa partilha de responsabilidades. Portanto, é bom que o trabalho jornalístico — incluindo confirmação por outras vias, recolha de elementos adicionais de prova (dcumentais ou outros), audição das partes envolvidas e/ou acusadas, etc. — tenha sido feito. E bem feito. Se as coisas correrem mal, mais tarde, não vale vir deitar as culpas para a fonte na qual se confiou cegamente, a ponto de se lhe ter dado esse estatuto excepcional (e valiosíssimo, porque tendencialmente inimputável…) de fonte confidencial. Não vale. É feio. 

Poderá retorquir-se: “Mas se a fonte tiver enganado o jornalista?… Não merece ela própria ser  denunciada nesse caso?… Não é isso que diz o Código Deontológico dos Jornalistas?…”.

É verdade, o Código Deontológico admite essa possibilidade (ver artigo 6º). Pela minha parte, contudo, considero que é uma possibilidade que deve ser usada asbolutamente em última instância e com carácter excepcionalíssimo, depois de muito  investigado o assunto e de recolhido o parecer do Conselho Deontológico do SJ (já aconteceu em Portugal, há uns anos). Em situação normal, mesmo que se venha a descobrir que a fonte enganou o jornalista, isso não lhe dá (ao jornalista) o direito automático de a denunciar, transgredindo assim umas das mais emblemáticas “regras de ouro” da sua ética e deontologia profissional. Ele, jornalista, tem de estar preparado para arcar com as responsabilidades até ao fim… Se não, que não confiasse em absoluto na fonte.  Que investigasse mais. Que cruzasse informação. Que questionasse o estatuto de confidencialidade pedido. Se não fez isso e acabou por ser ludibriado, que se auto-critique, que peça desculpa e que aprenda para o futuro. Mas que não caia na tentação de lavar as mãos como Pilatos e mandar as culpas todas para as costas de uma fonte em que decidiu confiar cegamente e a quem deu tempo de antena…  Isso não vale. E espero que, salvo circunstâncias da maior gravidade e excepcionalidade, a agência Lusa não o faça. Para bem do jornalismo.

O que é, ou não é, jornalismo?

A edição deste domingo (29/1/12) do PÚBLICO traz-nos dois exemplos muito interessantes – um de jornalismo no seu pior e outro de jornalismo no seu melhor. O curioso é que, em minha opinião, o jornalismo “no seu pior” é da autoria de uma (re)conhecida jornalista e o jornalismo “no seu melhor” é da autoria de três jovens, cidadãos portugueses empenhados na vida colectiva, autores de um singelo blogue.

A peça jornalística assinada por São José Almeida, e que deu a manchete ao PÚBLICO (“Cavaquistas defendem saída de Vítor Gaspar do Governo“) é, em meu entender, jornalismo “no seu pior”, embora assinado por uma jornalista reputada (e por quem, aliás, há muitos anos tenho enorme consideração). Mas a verdade é que se trata, como já foi notado pela perspicaz Estrela Serrano no seu Vai e Vem, de uma óbvia consequência da operação de contra-ataque feita pelos “homens do presidente”, no final da semana “horribilis” de Cavaco Silva. É “spin” no seu melhor (como já na véspera se tinha visto no Expresso…), procurando fazer de Cavaco o bonzinho, preocupado com os pobres, os pensionistas e a classe média, contra os mauzões ultra-liberais do Governo de Passos Coelho. E a jornalista do PÚBLICO farta-se de explicar essa tese, sem NUNCA adiantar o nome de uma fonte sequer, sem NUNCA nos dizer quem são esses tais cavaquistas que pensam isso que diz que pensam, sem NUNCA se dignar identificar qualquer um dos autores de tais opiniões (um dos preceitos básicos da deontologia jornalística é que as opiniões têm sempre de ser atribuídas, nunca podem ser anónimas ou confidenciais…). O autor, oculto, de todas estas opiniões pode perfeitamente ser o próprio Cavaco, bem escondido e sem rabo de fora!

No mesmo jornal, um trabalho do repórter Luis Francisco sobre os autores do blogue “Má Despesa Pública” dá-nos um exemplo notável de como, mesmo não se sendo jornalista, se pode fazer… excelente jornalismo. Três jovens decidiram passar a estar atentos a todas as publicações oficiais (e obrigatórias) sobre as despesas feitas por entidades públicas, nacionais, regionais ou locais, e passar a publicar no seu blogue, sem grandes comentários, os exemplos confirmados de desperdício do dinheiro de todos nós. Tão simples quanto isso… Mas não é uma das actividades que deveria caber a todo o jornalismo que se preza – ou seja, servir de vigilante atento de eventuais desvios e abusos dos poderes que nos regem e, em consequência, denunciá-los para que todos os conheçamos? Jornalismo no seu melhor – mas, infelizmente, algo cada vez mais raro nos meios… jornalísticos! Sempre custa menos dinheiro, menos esforço e menos mão-de-obra ouvir ao telefone um ou dois “spin doctors” com uns recados e umas opiniões convenientemente anónimas, e escrever uma página inteira de jornal como se fosse a grande investigação da semana…

(P.S. O trabalho sobre o blogue “Má Despesa Pública” só está disponível on-line  para assinantes do PÚBLICO. Quem não o for, só pode ler o texto no papel. Sorry…)

Afinal o “24 Horas” não acabou…

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Disseram-nos há um ror de meses que o jornal 24 Horas tinha acabado. Até nos mostraram uma última primeira página bastante curiosa: o jornal acabava mas era o maior na denúncia e na capacidade de “contar tudo”…

Afinal, parece que não acabou. Ou então assumiu uma nova identidade, lá longe, junto da diáspora portuguesa. Pode ver-se aqui e aqui como o 24 Horas, com o mesmo logotipo e tudo, continua a existir e a constituir um autêntico “vício diário”. Mais: é, aparentemente, o único jornal diário de língua portuguesa publicado no estrangeiro, com distribuição em diversos estados dos EUA.

Mas o que é engraçado é que ele é igualzinho, igualzinho, ao ‘nosso’ Correio da ManhãNa imagem ao lado apresentamos exemplos de umas primeiras páginas recentes só para comparar. Mas é todos os dias assim, embora com algumas diferenças editoriais em páginas interiores.

Mais uma notícia à atenção do ministro Álvaro: às tantas, o Correio da Manhã também decidiu começar a ‘franchisar-se’ lá por fora e nós é que não sabíamos… Bem vistas as coisas, os pastéis de nata não são o único produto sólido e prestigiado que temos para exportar!

Todas diferentes, todas iguais…

O assunto já por mais de uma vez foi abordado neste blogue: a incrível semelhança (de fundo e de forma) de primeiras páginas da imprensa desportiva portuguesa. Parece que todos pensam da mesma forma quando andam à procura de um título apelativo… E até os trocadilhos utilizados acabam por coincidir volta e meia, como foi o caso do último domingo, dia 28 de Fevereiro  (obrigado, José Carlos Bragança!). É difícil encontrar exemplo mais acabado de mimetismo.

Jornalismo: dois novos livros

 Dois novos títulos portugueses da área do Jornalismo acabam de chegar às bancas.

Memórias Vivas do Jornalismo (Ed. Caminho), da autoria de Fernando Correia e Carla Baptista, apresenta-nos quase duas dezenas de entrevistas feitas a conhecidos (e antigos) profissionais, procurando ajudar-nos a entender melhor “como se fazia jornalismo em Portugal durante a década de 60 do séculoXX”. Alguns destes materiais serviram já de apoio a uma importante obra dos mesmos autores, publicada em 2007 (também na Ed. Caminho): “Jornalistas. Do Ofício à Profissão“.

EXPRESSO & AVANTE! Dois espelhos do mundo“, da autoria do jornalista (agora reformado) César Príncipe, faz um breve estudo comparativo de algumas das características mais típicas desses dois jornais a que chama “semanários-paradigma”. É uma edição da Associação de Jornalistas e Homens de Letras do Porto (AJHLP), uma das mais antigas associações portuguesas do sector, com os seus longos 127 anos de existência, e que, apesar das vicissitudes por que tem passado , insiste em manter-se viva, graças ao empenho desinteressado de alguns (poucos…) jornalistas.

“O país é Lisboa…”

Há quantos anos andamos (tantos de nós…) a tentar que isto não suceda!… Há quantos anos a tentar que os jornalistas de Lisboa não escrevam ou digam, em meios de comunicação NACIONAIS, que “logo à noite há um concerto no Coliseu” (qual Coliseu?… não há dois?…) ou que “está em obras a Avenida da Liberdade” (qual delas, se tantas há no país?…), ou que “o comércio esteve ontem aberto” quando foi apenas o de Lisboa que abriu! Mas não, isto não muda facilmente, são décadas e décadas de hábito de falar de Lisboa como quem fala do país, um hábito que está dentro das cabeças e se tornou quase inconsciente. Mas jornalista não deve, não pode ser inconsciente. Então os melhores outlets “DO PAÍS” são, por curiosa coincidência, todos na capital e arredores?… Vale a pena espreitar esta notícia do “i” — e continuar para baixo, para os comentários. Vá lá que começa mais gente a chamar a atenção para isto…

ACTUALIZAÇÃO: Decerto por causa dos protestos dos leitores, o “i” corrigiu o seu título, embora sem informar sobre o assunto. É um dos problemas muito falados na publicação on-line: muda-se o que se escreveu antes e é como se nunca tivesse existido a versão original… Mas existiu. A prova aqui fica, com  a reprodução do ecrã que surgiu de manhã e a versão alterada (no título, não no texto)  já à tarde:

Entre o bem público e a reserva da vida privada

Ao ler as notícias do fim-de-semana sobre o facto de as escutas telefónicas a Armando Vara também terem ‘apanhado’ José Sócrates em conversas duvidosas, lembrei-me do outro caso das escutas – o do Verão. Nessa altura, um dos grandes motivos de polémica foi o facto de o “Diário de Notícias” ter divulgado publicamente um fax PRIVADO, trocado entre dois jornalistas do “Público”. Não faltaram jornalistas (e comentadores, como Pacheco Pereira…) a repudiar vivamente aquela publicação, quase se recusando a discutir o fundo da questão (a existência, ou não, de uma manobra de manipulação informativa lançada por Belém, com a voluntária ou involuntária cumplicidade do jornal então dirigido por José Manuel Fernandes) por, diziam, se basear numa inaceitável divulgação de correspondência privada.

Agora, não vi ninguém (nem jornalistas, nem Pacheco Pereira…) escandalizar-se com o facto de as últimas suspeitas envolvendo José Socrates se basearem no conhecimento e na divulgação de telefonemas PRIVADOS entre o primeiro-ministro e Armando Vara. Mais: não será verdade que todo o processo “Face Oculta”, que está a permitir desmontar uma aparente rede de corrupção de vasto alcance, se baseou grandemente em escutas telefónicas que apanharam conversas privadas entre os diversos arguidos? E as escutas telefónicas que já nos fartámos de ver publicadas em jornais, desde o “Apito Dourado” ao “Caso Casa Pia”, passando pela “Operação Furacão” ou pelo “Caso Portucale”, não incidiam todas elas em conversas privadas? E o fax que há dias vimos reproduzido em jornais, um fax trocado entre responsáveis do Freeport com referências a um suborno de dois milhões de euros, não era, ele também, correspondência privada? E o célebre DVD que a TVI mostrou em tempos, com acusações directas a Sócrates, não era ele, igualmente, resultado da  uma filmagem clandestina de um encontro privado entre duas ou três pessoas?… Em resumo: haverá algum caso, recente ou antigo, de investigações sobre crimes de corrupção e de tráfico de influências que não se baseie, mais ou menos, em elementos (telefonemas, cartas, faxes, e-mails) que claramente se inscrevem no domínio das relações privadas entre pessoas?… E é por isso que os vamos desconsiderar pura e simplesmente, recusando-nos até a discuti-los, porque interferem com o direito fundamental das pessoas à privacidade?… E se isso acontece em todos os casos em que há suspeitas de crime, ou de engano, ou de atropelo a valores básicos do interesse público, por que devemos abrir excepção quando os intervenientes directos são jornalistas?… 

Sei que cada caso é cada caso e que o caso das escutas do Verão é bastante complexo. Mas, independentemente disso, há um ponto que me parece de sublinhar – e é o único que gostaria de reter aqui, a partir dos exemplos citados: o direito à reserva da vida privada (aí incluindo trocas de correspondência, de e-mails ou de telefonemas) é um direito fundamental de todas as pessoas, mas não é um direito absoluto. Se há fundadas suspeitas de um crime ou de uma infracção grave a princípios legais, éticos ou deontológicos, com consequências que extravasam esse foro privado, e se se conclui que a única forma de fazer prova de tais ilícitos é escutar conversas privadas ou vasculhar correspondência privada,  pode ser necessário, como última instância, interferir com esse “bem”, em nome de um “bem maior” – o de um interesse público relevante e indesmentível. É esse “bem maior” que leva um juiz a autorizar escutas privadas; é esse “bem maior” que tem levado muitos jornalistas de investigação a divulgarem publicamente factos recolhidos na esfera da vida privada de pessoas (mesmo quando estão abrangidos pelo segredo de justiça). Ora, quando os jornalistas denunciam estas coisas, toda a gente aplaude (e muito bem, que é essa uma das funções mais nobres da Comunicação Social em democracia), pouco se preocupando com a privacidade dos implicados (porque está em causa um “bem maior”, insisto). Mas quando os jornalistas são, eles próprios, vítimas de tais denúncias, caem logo o Carmo e a Trindade porque alguém se atreveu a divulgar mails privados… São dois pesos e duas medidas que retiram credibilidade aos profissionais dos ‘media’.

“MoJo” – Jornalismo e telemóveis

Chama-se “Jornalismo e Redes Móveis“. É um novo blogue da responsabilidade do Labcom (Universidade da Beira Interior – UBI), agora lançado por esta razão e com este objectivo:

Em resposta a vários pedidos, o Labcom decidiu lançar um blogue exclusivamente dedicado a esta nova linha de investigação: jornalismo para dispositivos móveis. Juntámos os conteúdos relacionados com o 1º Encontro da Montanha e tentaremos acompanhar o que de mais relevante acontecer nesta área.

Esta atenção ao binómio jornalismo / telemóveis como uma das equações mais promissoras para o futuro dos media, envolvendo activamente investigadores como António Fidalgo e João Canavilhas, esteve na base do referido 1º Encontro da Montanha (realizado na passada semana, na Serra da Estrela). E vai, certamente, continuar a ser fonte de notícias…

Um novo “24 Horas”?

Já há tempos tinha reparado, mas pensei que seria uma situação fortuita. De há uns dias para cá, continuei a reparar mais sistematicamente — e já não me parece um acaso ou uma coincidência. O “24 Horas“, exemplo mais próximo (entre nós) daquilo a que poderia chamar-se “jornalismo sensacionalista”, alterou aparentemente a sua estratégia, passando a apostar em manchetes da área do desporto. Ou melhor: da área do futebol. Aquelas primeiras página com grandes títulos e fortes imagens à volta de sangue, de acidente, de crime, de escândalo ou de “socialites”, deram lugar a destaques futebolísticos sistemáticos. Estratégia de jornal, para tentar ir ‘pescar’ novos leitores num segmento de mercado que sabemos continuar em alta? Ou estratégia de grupo (grupo Controlinveste), procurando ter em Lisboa e no Sul (onde o “24 Horas” se vende mais) uma penetração na área do desporto que o diário desportivo do grupo (“O Jogo“) consegue mais dificilmente? A acompanhar…

Como prova desta minha percepção, aqui ficam quatro primeiras páginas de diferentes dias desta semana:

24horas_Lx_20-10-09

24horas_Lx_21-10-09

 

 

 

 

 

 

 

 

 

CAPA 371.ai

CAPA 371.ai

Ele há cada “coincidência”…

Já não é a primeira vez que para aqui trago exemplos de primeiras páginas de jornais desportivos muito semelhantes, ou mesmo iguais, chamando a atenção para o facto de os jornalistas da “tribo” fazer opções editoriais com base em raciocínios também eles muito semelhantes.

Ontem, porém, a coisa foi diferente e, salvo melhor opinião, não teve a ver com uma qualquer “deformação profissional” dos jornalistas mas, sim, com a facilidade com que critérios comerciais se sobrepõem aos editoriais. Ora repare-se:

A BOLA - 4.10.09

A BOLA - 4.10.09

RECORD - 4.10.09

RECORD - 4.10.09

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Não é espantosa a ‘coincidência’ de dois jornais desportivos terem escolhido, no mesmo dia, dar a primeira página a dois jogadores que são patrocinados pela marca de artigos desportivos Nike? E fazerem-no até com um enquadramento fotográfico muito semelhante?… E ambos com umas bens salientes chuteiras da marca?… E sem que, aparentemente, motivos da actualidade futebolística chamassem Ramires ou Matías para as manchetes da imprensa da especialidade?…

Falando claro: isto são duas notícias ou são dois anúncios comerciais mais ou menos disfarçados? E não poderão considerar-se publicidade enganosa, na medida em que deliberadamente confundem (lançando também a confusão nos leitores) espaço publicitário com espaço editorial?

(A propósito, ver Jugular e ver a edição impressa do DN de 5-10-09)).

Dúvidas no ‘caso das escutas’

O “caso das escutas”, para além das sérias implicações políticas que obviamente tem (mas que não são chamadas a este espaço), suscita um conjunto complexo de questões no plano jornalístico — seja ao nível das práticas profissionais, seja ao nível ético e deontológico. Entendo que é algo simplista reduzir a questão ao facto (grave) de o DN ter publicado correspondência privada entre jornalistas e denunciado uma fonte de informação do PÚBLICO. Há, para além desta, outras questões que merecem reflexão ética, pois talvez nos ajudem a entender melhor certos descaminhos da informação jornalística que têm contribuído para a sua crise de credibilidade. A este respeito, será útil ler o que tem sido publicado nos diversos jornais, incluindo aí, obrigatoriamente, as duas últimas crónicas do Provedor do Leitor do PÚBLICO. 

Para além das interrogações que continuo a colocar-me quanto a este “caso”, uma certeza tenho pelo menos: ninguém sai muito bem de toda esta história.

O DN não sai bem por três motivos essenciais:

1) Parece hoje claro que a sua forte manchete da passada sexta-feira, 18/9, não resultou propriamente de uma aturada investigação jornalística própria, mas da simples aceitação de um e-mail interno do PÚBLICO que lhe foi oferecido por uma fonte confidencial. O mesmo e-mail foi, tanto quanto se sabe, oferecido pelo menos a mais um jornal (o Expresso), que entendeu não o divulgar nos termos ou no timing desejado pela fonte. E o timing é um ponto relevantíssimo: se interessava tanto à fonte que tal e-mail fosse divulgado precisamente agora, em meio da campanha eleitoral (quando é certo que ele datava já de Abril de 2008…), o jornal devia interrogar-se sobre isso e questionar-se sobre se não estaria, porventura, a ser instrumentlizado por alguém com intenções não jornalísticas. O timing, portanto, não foi definido pelo jornal — mas pela fonte que lhe passou os documentos. E dizer que as notícias não podem esperar (sobretudo quando são notícias que nos são ‘dadas’ por alguém num momento muito espécífico) releva de uma ingenuidade que não tem lugar neste mundo complexo…

2) Da leitura do trabalho do DN, parece poder inferir-se que o jornal não fez praticamente nenhuma investigação suplementar em torno do assunto, limitando-se a reproduzir (ou a apresentar com a aparência gráfica de um e-mail verdadeiro…) o que lhe foi passado pela fonte. Confirmar o carácter genuíno de informações facultadas por terceiros, apurar a veracidade de imputações, dar a todos os acusados a possibilidade de se pronunciarem, etc., são procedimentos essenciais do jornalismo que poderão ali ter sido seguidos, ao que parece, de forma bastante apressada. Até porque também se sabe hoje, por informações entretanto vindas a público, que o jornal terá tido pouquíssimo tempo (um dia?…dois?…) entre a altura em que lhe foram dados os documentos e a decisão de os publicar.

3) O DN revelou publicamente uma troca de correspondência privada e expôs publicamente a fonte de informação de um jornalista. Estes são actos de uma enorme gravidade, que, no plano ético, só se justificam muito excepcionalmente, quando está em causa um  inquestionável interesse público e – sublinho este ponto – quando não há outras maneiras de servir esse interesse público. Já houve um ou dois casos, em Portugal, em que jornalistas revelaram as suas fontes de informação, devidamente autorizados pelo seu Conselho Deontológico, face à enorme gravidade das situações. Pergunto-me se, no caso em apreço, o mesmo se justificava. Pergunto-me se o interesse público (ou político?…) o exigiria de facto. E pergunto-me, sobretudo, se o jornal não teria outros modos de tratar o assunto sem expor publicamente correspondência privada com nomes (sabendo que com isso estava a denunciar uma fonte confidencial de um outro jornalista). Ao fazer o que fez, deixa a dúvida se não cedeu também a uma ‘agenda’ que nada tem de jornalística: dar uma ‘ferroada’ a um jornal concorrente e associá-lo a determinados processos políticos. Claro que ir por outro caminho dava mais trabalho, implicava mais investigação própria e levava mais tempo. Mas são as exigências do métier…

Dito isto, também entendo que o PÚBLICO não sai muito bem desta história:

1) Parece hoje claro que a notícia sobre a existência de eventuais “escutas” em Belém não tem, até ao momento, nenhum dado concreto para além da suspeita de um elemento (não identificado) do ‘staff’ de Cavaco Silva  de que talvez haja “escutas” em Belém… Diz uma velha máxima do jornalismo que “as suspeitas não se publicam; investigam-se”. E foi isso, aparentemente, o que o  PÚBLICO fez: investigou o único elemento concreto que lhe foi apontado como estando na base dessas suspeitas, ou seja, o alegado comportamento estranho de um assessor de José Sócrates durante uma visita de Cavaco Silva à Madeira, em 2008. Concluída a investigação (com envolvimento do correspondente do jornal na Madeira), o PÚBLICO concluiu que as suspeitas não se confirmavam. E por isso deixou cair o assunto. Ora, se assim foi, e se não surgiu um único elemento de prova novo (para além da renovada suspeita genérica de um membro do “staff” de Belém), por que decidiu avançar com a notícia em Agosto de 2009? Se decidiu não publicar a mera suspeita em Abril de 2008, por a ter investigado e não a ter confirmado, por que decidiu publicar essa mesma suspeita em Agosto de 2009, quando nada de novo encontrara? Esta decisão, aparentemente pouco suportada em critérios jornalísticos, não autorizará a dúvida de que haveria aqui uma ‘agenda’ política oculta– como sugere o próprio Provedor do Leitor?

2) Um jornalista do PÚBLICO pode queixar-se de não ter sido tratado correctamente pela sua Direcção e/ou pelos seus colegas de Redacção: o correspondente da Madeira. Foi ele que, em Abril de 2008, recebeu a incumbência de investigar as suspeitas de Belém relativamente ao tal assessor de Sócrates. Das conclusões a que chegou (ou seja: que nada se confirmava) deu conta aos seus colegas do PÚBLICO. Mas agora, em Agosto de 2009, o episódio do assessor de Sócrates na Madeira foi recuperado, e contado como se o correspondente da Madeira nada tivesse feito… Não seria lógico que o PÚBLICO, ao evocar o episódio, fosse também recuperar as conclusões da investigação jornalística feita pelo seu correspondente no Funchal? Ao esquecer esse ‘detalhe’, não estará a ter também um comportamento eticamente reprovável, fazendo de conta que as suspeitas continuavam a merecer algum crédito, quando já sabia que elas não mereciam crédito nenhum?

3) O conhecimento de alguns pormenores da negociação entre um jornalista e a sua fonte de Belém, lido agora à luz do que foi publicado como consequência desse contacto, sugere que se pode ter ido longe de mais — e que o resultado terá sido exactamente aquele que interessava à fonte, mas não aquele que interessava a um jornalismo investigativo sério, cuidadoso e desenvolvido com autonomia de critérios. Se daquela negociação nada tivesse resultado (como sucedeu num primeiro momento, em Abril de 2008), tudo estaria bem: a fonte tentou levar ‘a água ao seu moinho’, como tem todo o direito de fazer, os jornalistas tomaram devida nota mas fizeram o trabalho complementar que lhes competia e, nada se tendo provado, nada se publicou. Mas, mais de um ano depois, e continuando a nada se provar, lá se publicaram as suspeitas que a fonte transmitira… Assim, parece que, mesmo sem quaisquer provas, a fonte sempre conseguiu levar a água ao seu moinho, com a aparente cumplicidade (activa ou passiva) dos jornalistas.

Em resumo:

De tudo isto decorre que podemos não estar apenas perante uma situação em que um jornal expõe publicamente uma fonte confidencial de um jornal seu concorrente, mas também perante uma situação em que um jornal expõe publicamente uma (ou uma tentativa de) manobra de manipulação de informação, de motivações claramente políticas, feita por Belém com a conivência de outro jornal. E se a primeira é grave, a segunda não o é menos. Ambas nos suscitam sérias reflexões sobre os modos como o jornalismo, sobretudo na sua relação com o mundo da política, pode perder a sua autonomia e a sua lógica específica, deixando-se (mais ou menos voluntariamente) capturar por interesses e agendas que não são as suas — e que ele, aliás, se devia preocupar em denunciar. Se denuncia episódios semelhantes quando envolvem apenas os políticos ou outros responsáveis de instituições públicas, não pode fechar os olhos ou desculpar quando alguns dos actores são jornalistas.

Neste momento, como é de praxe, anda toda a gente muito mais preocupada com os mensageiros do que com as mensagens (quem deu?… quem passou?… quem enviou?… quem disse?…). Isso importa, sem dúvida, até para que certos comportamentos eticamente reprováveis não fiquem impunes. E importa igualmente para perceber as reais motivações dos diferentes protagonistas de todo este imbróglio. Mas importa também que a preocupação quanto aos ‘mensageiros’ não nos faça esquecer o conteúdo das próprias  ‘mensagens’ — e que este episódio sirva para uma reflexão aprofundada, com a necessária dose de auto-crítica, sobre alguns descaminhos do nosso jornalismo. Elementos de reflexão não faltam na história.

P.S. É evidente que, olhando para o assunto mais no plano político, também Cavaco Silva sai muitíssimo mal deste ensarilhado caso. Enquanto ele não se dignar explicar aos cidadãos portugueses o que há de sério ou de infundado nestas histórias todas, assumindo as responsabilidades que tem ou esclarecendo-nos sobre o uso indevido do seu nome, teremos toda a legitimidade para pensar que ele, por acção ou por omissão, de algum modo se intrometeu nas disputas político-partidárias. Precisamente aquilo que ele sempre diz que não quer fazer… Os silêncios também falam.

As imensas sobras dos jornais

Retomando uma curiosa tradição inaugurada por José António Saraiva n´O Sol, também o director do “i”, Martim Avilez de Figueiredo, decidiu fazer-se entrevistar para o seu próprio jornal (tendo até contratado uma estrela de fora, Mário Crespo, para se ocupar da tarefa), no dia – 7.9.09 – em que se comemorou a saída do nº 100 daquele diário. A entrevista tem algumas passagens muito interessantes, de que me permito salientar estas duas:

As vendas estão bem. O i tem de vender 12 mil exemplares em banca – é isso que achamos que valemos. Actualmente estamos a vender 9700 em banca, com uma subida. Vendemos 10 900 no primeiro mês, 7200 no segundo, 7400 no terceiro e 9100 no último mês. Isto são as vendas em banca. O que conta no mercado e que serve como padrão de comparação é a circulação paga, a maneira como fazemos circular o jornal: 12 753.

 

As sobras são grandes mas isso não tem só a ver com o problema da receptividade. Tem a ver com o drama da distribuição. Jornais com curvas de aprendizagem de 20/30 anos, como o “DN”, não conseguem trabalhar com sobras muito abaixo dos 50%. O “DE” não conseguia trabalhar com sobras abaixo dos 64%/68%. Nós estamos com sobras de 76,77%. Estamos ainda a aprender onde o i tem de estar para vender o que tem de vender

O director considera, assim, relativamente normal que o “i” esteja com quase 80 por cento de sobras. Ou seja, que tenha de imprimir diariamente quase 50 mil exemplares para conseguir vender 10 mil… E deitar ao lixo, todos os dias, 40 mil cópias…

A distribuição é, de facto, o grande “calcanhar de Aquiles” dos jornais portugueses, em termos empresariais. Nenhum escapa satisfatoriamente desta entorse.  Costumo dizer que se algum gestor conseguisse encontrar o segredo para uma distribuição mais eficiente de jornais no nosso pequeno mercado, diminuindo o desperdício diário das sobras para níveis aceitáveis, seria o empregado mais valioso e mais bem pago de qualquer empresa jornalística… Os jornais portugueses, em média, nunca conseguiram baixar a percentagem de sobras da casa dos 20-25 por cento (e o mesmo sucede com as revistas semanais), o que é um valor razoavelmente alto. Mesmo jornais como o Público, que é detido por um grupo económico especialista na área da distribuição (distribuição alimentar), nunca foram capazes de resolver aceitavelmente esta questão. Agora, passar de 20 ou 25 por cento para os supostos 50 por cento de sobras do DN, 64/68 por cento do DE ou 76,77 por cento do “i” (Martim Avilez “dixit”), vai uma diferença de todo o tamanho… Como é que se consegue viabilizar um  jornal com quatro exemplares diários para o lixo por cada um que se vende?… Também destes menos conhecidos dramas se faz a crise da imprensa portuguesa, castigada por um mercado muito pequeno, instável e fragmentado.

‘Tempos de antena’ sempre ajudam…

Os media (sobretudo os privados) às vezes queixam-se pelo facto de a lei portuguesa os obrigar a disponibilizar ‘tempo de antena’ em períodos de campanha eleitoral. É certo que a lei os obriga, mas também é certo que eles são pagos por isso. Recentemente, o “Diário da República” publicou os montantes que foram atribuídos às estações de televisão e de rádio a título de “compensação pela emissão de tempos de antena” na última campanha eleitoral para o Parlamento Europeu. E os montantes não são nada de deitar fora, com a TVI a chegar quase ao milhão de euros:

– TVI: 965.331,00 euros

– SIC: 676.841,00 euros

– RTP: 509.018,00 euros.

Quanto às rádios de âmbito nacional, foram estes os valores atribuídos:

– Rádio Renascença (RR): 333.872,00 euros

– Rádio Comercial (RC): 147.227,00 euros

– Radiodifusão Portuguesa (RDP): 118.090,00 euros

Houve ainda compensações para várias rádios de âmbito regional, como a TSF  e a RRL/RCP (ambas com 37.449,30 euros), e a Rádio Altitude, a Clube Asas do Atlântico, a Rádio Clube de Angra e o Posto Emissor de Radiodifusão do Funchal (com 9.586,80 euros cada uma).

Com a crise que por aí vai em termos de receitas publicitárias, e com mais duas campanhas eleitorais no presente ano, os media audiovisuais vão ter neste tipo de compensações uma ajuda nada desinteressante… Só é pena que os jornais (actualmente o ‘elo mais fraco’ do nosso panorama mediático) não tenham direito também a qualquer apoio, eles que dedicam páginas e páginas aos debates eleitorais – e que não se importariam nada de ceder algum espaço a tempos de antena!

(Confirmação dos dados do “Diário da República” aqui e aqui).

Os jornalistas portugueses à lupa

Com a chancela da Imprensa de Ciências Sociais / Universidade de Lisboa, acaba de ser publicado o livro “Estudos sobre os Jornalistas Portugueses”, de que é organizador (e também autor) José Luís Garcia.MaqueteJornalistas

A obra – que tem por subtítulo “Metamorfoses e encruzilhadas no limiar do século XXI” – colige uma dezena de ensaios relacionados com a profissão de jornalista, tanto no que toca à melhor compreensão da sua realidade actual como no que respeita ao seu (ainda recente) processo de profissionalização. Para além do sociólogo José Luís Garcia, participam como autores outros conhecidos especialistas desta área de estudo, como Fernando Correia, Filipa Subtil, Hugo Mendes, Manuel Correia, Pedro Alcântara da Silva, Sara Meireles Graça e Telmo Correia. “Elementos de composição socioprofissional e de segmentação” dos jornalistas, “o processo de feminização” da profissão, a “crise de identidade profissional e a emergência de um novo paradigma” ou “os problemas-chave de ingresso no jornalismo” são alguns dos temas abordados nos diferentes textos.

José Luís Garcia, que é professor no ISCTE e investigador do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa, foi responsável (ou co-responsável) pelos dois grandes inquéritos sociológicos feitos aos jornalistas portugueses, um em 1990, outro em 1997. Parte dos resultados desses inquéritos é retomada e aprofundada neste livro, em cujo prólogo se pode ler: 

Apesar dos importantes avanços registados na investigação em comunicação e jornalismo em Portugal (…), o processo de profissionalização dos jornalistas continua a ser um domínio em que se sente a necessidade de conhecimentos de vários tipos (sociológico, histórico, etnográfico, demográfico-estatístico). As abordagens sociológicas que compõem este livro representam, por conseguinte, uma tentativa, realizada a partir de diversos elementos e dados, de análise e compreensão de algumas das principais situações e mudanças ocorridas no período-chave de finais de 1980 e década de 1990. Tais metamorfoses, como indiciam os escritos desta obra, podem ser consideradas como uma das fases marcantes da recomposição da profissão de jornalista em Portugal.

Os meandros complexos da comunicação

Ainda em tempo de rescaldo eleitoral, passei hoje de manhã por um dos cartazes de campanha de Paulo Rangel.

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São de facto, como muita gente já disse, cartazes pobrezinhos, baços, pouco ou nada apelativos, quase artesanais. Mais adiante, passei por cartazes do PS: enormes, modernos, bem produzidos, directos, cheios de cor, ricos. Mas o que é verdade é que os primeiros ‘ganharam’ as eleições e os segundos ‘perderam-nas’… Claro que é reducionista colocar as coisas assim, de modo tão simples, mas deixou-me a pensar como as estratégias de comunicação dos partidos, só por si, não são garante automático de sucesso. As célebres “teorias dos efeitos” dos media sobre as decisões políticas das pessoas estudam estes assuntos há décadas, e hoje sabe-se que não há, de facto, uma tradução directa das campanhas eleitorais nos votos efectivos.

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Num tempo em que se aposta até ao exagero em feéricos meios técnicos, em grandes cenários para televisão filmar, em músicas cientificamente estudadas para empolgar, em enormes cuidados na roupa ou no cabelo dos candidatos, em coisas do puro domínio ‘da forma’, é curioso constatar que os resultados obtidos podem sair tão ao contrário… Com aquele espectáculo todo que vimos na campanha, com os comícios tão cheios de bandeiras, com autocarros, camiões, brindes, folclore, encenação super-profissional e dinheiro q.b., o PS acabou por perder as eleições. Com aquela pobreza de cartazes, com umas acções de campanha mais modestas e meio solitárias, com uma suposta incapacidade de mobilização, com Paulo Rangel sozinho e abandonado, o PSD acabou por ganhar as eleições.

É claro que a campanha não explica tudo, longe disso. Mas também me parece que há aqui alguma matéria de reflexão sobre estas apostas excessivas na ‘comunicação’ super-profissionalizada (e super-cara) em que alguns partidos quase cegamente apostam, esquecendo-se que, afinal, se calhar é o conteúdo – e não a forma – que mais pesa nas decisões das pessoas.

Quem viu as campanhas de rua do PS e do PSD, nomeadamente através da televisão, quase garantiria que o PS tinha a vitória no papo (o próprio PS o imaginava, e agiu sobranceiramente em consonância, como foi por demais evidente). Afinal, quem ganhou foi o PSD… O que é que decidiu, então, a maior ou menor eficácia da comunicação de um e outro? Não terá sido uma questão de… substância?