A semana tem sido agitada por conta das movimentações referentes à regulação da Internet, como bem frisou aqui a Elsa Costa e Silva. Formou-se um movimento maniqueísta, alimentado por estereótipos, que vêm sendo repercutido pelos meios de comunicação, serviços online e redes sociais.
Assistimos à crucificação pública dos “conservadores”, que querem” impedir a livre manifestação do pensamento”, e o endeusamento dos que pregam a “liberdade de expressão”. Fugimos do mérito da questão, que diz respeito aos direitos do autor, e partimos para outros tipos de argumentações.
Como utilizador da Web, sinto-me inclinado a concordar com os “bons moços”, mas ao analisar o que acontece na Internet ao pormenor, chega-se facilmente à conclusão que grandes grupos como Facebook, Google, Yahoo e Microsoft, utilizam-se do trabalho alheio para lucrar. São empresas poderosas que detêm informações de todos nós, utilizadores da rede mundial de computadores, e fazem dessas informações o que bem querem.
Diante destes factos, é preciso, sim, discutir a regulação da Internet. O problema é que os projetos de lei antipirataria norte-americanos Stop Online Piracy Act (Sopa) e Protect IP Act (Pipa) seguiram muito bem os trâmites legais offline, mas esqueceram da nova configuração do mundo online e da necessidade de incluir nos debates os cidadãos virtuais, que não têm pátria, mas têm um ecrã de identificação.
Que venham os debates, sem histerias, maniqueísmos e demagogias. Assim ganharemos todos, democraticamente.