SOPA, PIPA e ecrãs de identificação

A semana tem sido agitada por conta das movimentações referentes à regulação da Internet, como bem frisou aqui a Elsa Costa e Silva. Formou-se um movimento maniqueísta, alimentado por estereótipos, que vêm sendo repercutido pelos meios de comunicação, serviços online e redes sociais.

Assistimos à crucificação pública dos “conservadores”, que querem” impedir a livre manifestação do pensamento”, e o endeusamento dos que pregam a “liberdade de expressão”. Fugimos do mérito da questão, que diz respeito aos direitos do autor, e partimos para outros tipos de argumentações.

Como utilizador da Web, sinto-me inclinado a concordar com os “bons moços”, mas ao analisar o que acontece na Internet ao pormenor, chega-se facilmente à conclusão que grandes grupos como Facebook, Google, Yahoo e Microsoft, utilizam-se do trabalho alheio para lucrar. São empresas poderosas que detêm informações de todos nós, utilizadores da rede mundial de computadores, e fazem dessas informações o que bem querem.

Diante destes factos, é preciso, sim, discutir a regulação da Internet. O problema é que os projetos de lei antipirataria norte-americanos Stop Online Piracy Act (Sopa) e Protect IP Act (Pipa) seguiram muito bem os trâmites legais offline, mas esqueceram da nova configuração do mundo online e da necessidade de incluir nos debates os cidadãos virtuais, que não têm pátria, mas têm um ecrã de identificação.

Que venham os debates, sem histerias, maniqueísmos e demagogias. Assim ganharemos todos, democraticamente.

“Um dia com os media”- operação nacional é apresentada hoje em Braga

É hoje apresentada publicamente, na Universidade do Minho, em Braga, a jornadaUM DIA COM OS MEDIA”, uma iniciativa de âmbito nacional que visa colocar os próprios media e a relação dos cidadãos com eles no centro das atenções, suscitando iniciativas orientadas para a reflexão e a ação.

Terá lugar no dia 3 de Maio, data em que, por iniciativa da ONU, se evoca a liberdade de Imprensa e de expressão. Num tempo em que, as tecnologias e plataformas digitais, permitem, como nunca, que os cidadãos se exprimam no espaço público, faz sentido que o olhar crítico e participativo relativamente aos media seja, ele próprio, um exercício de liberdade, num espírito positivo de contribuir para a melhoria dos media que temos.

O convite à participação autónoma e livre é dirigida a todos os que se sentirem interessados e motivados pela pergunta: “que significado têm os media na nossa vida e como poderiam tornar-se mais significativos?

O desafio é lançado a todo o tipo de instituições: bibliotecas, escolas, meios de comunicação, grupos de alunos, centros de investigação e formação, associações, universidades de seniores, movimentos, igrejas, autarquias, entre outros.

Relativamente aos meios de comunicação, há  pelo menos três vertentes de participação: o trabalho normal de informação sobre a iniciativa, da forma entendida mais conveniente; a organização de iniciativas próprias que fomentem o contacto com os seus públicos, tendo como motivo os meios de comunicação; e, finalmente, a colaboração com iniciativas de outras instituições, quando para tal solicitados.

No conceito de meios de comunicação incluem-se, naturalmente os suportes clássicos – livros, jornais, revistas, rádio, televisão, cinema –  mas igualmente os novos media, redes, plataformas e ambientes digitais – redes sociais, blogs, telemóveis, jogos. Todos configuram um ecossistema mediático que ganha em ser abordado também como um todo. A ideia não é focalizar apenas as tecnologias e os gadgets mas também os conteúdos, as orientações, as profissões, as políticas, os usos e as mudanças, bem como a relação com os quotidianos, os dramas e os sonhos das pessoas e das instituições.

As iniciativas devem partir ‘da base’. E, desejavelmente, deveriam inscrever-se, o mais possível, nas rotinas e objetivos de quem as toma. Haverá um site (www.literaciamediatica.pt/umdiacomosmedia) onde será possível registar e divulgar as iniciativas e conhecer o que outros estão a organizar, bem como um endereço de e-mail para contacto com os organizadores (umdiacomosmedia[arroba]gmail.com).

A iniciativa cabe a cinco instituições que têm vindo a trabalhar, de modo informal conjuntamente: Comissão Nacional da UNESCO; Conselho Nacional de Educação; Entidade Reguladora para a Comunicação Social; Gabinete para os Meios de Comunicação Social; Universidade do Minho/Centro de Estudos de Comunicação e Sociedade