Para quem vaticinou uma morte prematura aos blogues, o relatório da Technorati sobre o estado da blogosfera em 2011 deixa alguns dados curiosos. De acordo com o inquérito realizado, envolvendo mais de quatro mil bloggers, estes actualizaram mais frequentemente os seus blogues e passaram mais tempo a blogar.
Um sinal de dinamismo na plataforma que não resultará do entusiasmo de principiantes, já que a maior parte dos bloggers já o é há mais de dois anos. E também não podemos ver nesta realidade algum interesse material, já que 60% dos bloggers não tem qualquer retorno pecuniário pela sua interacção. Blogam pelo gozo de o fazer e têm por principal motivação partilhar conhecimentos e experiências com outros. No futuro, tencionam blogar mais frequentemente, alargar o leque de tópicos que abordam e, quem sabe, até mesmo publicar um livro.
E já agora, não, o Facebook e o Twitter não vieram substituir os blogues. Mais de 80% dos bloggers está também simultaneamente nessas duas redes sociais. Assim, parece que ainda não é desta que se matou a blogosfera.
Penso que as coisas estão mais assentadas. Quem investiu no meio sobreviveu e conseguiu manter o seu espaço. Tenho a impressão que os blogs generalistas deram lugar aos temáticos. Alem disso, como diz o post, nota-se que as redes sociais e fóruns online são um bom motor para alimentar o fluxo de leitores. Questiono-me também se longevidade é sinal de qualidade e prestígio, pois muitos blogs surgem para dar suporte a algum evento com data marcada.
Em primeiro lugar, agradeço o regresso do blog, cuja falta era bem sentida.
Penso que a blogosfera caminha para a profissionalização e a especialização, ao mesmo tempo que se notam os sinais da competitividade entre blogs — mais discorro no meu blog em http://pauloquerido.pt/blogosfera/blogosfera-caminha-para-a-profissionalizacao-competitividade-e-especializacao/
Fascinante será ver até que ponto se poderá dar em 2012 um regresso aos blogs enquanto espaço de comunicação pessoal — o que eles vieram perdendo para as rede sociais de 2009 para cá. A força do microblogging (Twitter, mas sobretudo Tumblr e Posterous) tem alguma coisa a ver com esse movimento de refluxo. Este ganhar peso crítico dependerá, sobretudo, da extensão que atingir um fenómeno novo, ainda que previsível: a saturação do Facebook. Aliada à desilusão sobre aquele espaço onde damos mais do que recebemos — o contrário do que se passava na blogosfera romântica, ou inicial.