A campanha de mudança de imagem da Optimus foi uma operação gigantesca e abrangente – pré-anunciou-se (com teasers), anunciou-se de forma massiva no ‘dia D’ e mudou-se a imagem da empresa em todos os suportes de uma vez só. À boa maneira de quem vende – o que quer que seja – também esta foi anunciada como ‘a maior operação’ do género em Portugal.
Como geralmente acontece também, nem tudo terá agradado a todos.
Carlos Andrade foi – tanto quanto sei – um dos primeiros a escrever sobre o assunto com um tom ‘menos adequado‘ (se quisermos ver isto do ponto de vista da empresa).
O assunto teria ficado assim mesmo, não fosse dar-se o caso de, a dada altura, uma pesquisa no Google em Português com a expressão ‘nova optimus’ apresentar os dois posts do ‘Karlus’ no topo dos links não institucionais. O que se seguiu está muito bem explicado num post que se recomenda vivamente do próprio Carlos Andrade – curioso com o tipo de comentários que estavam a aparecer nos tais posts, resolveu averiguar e chegou em três tempos a uma ligação muito forte à agência responsável pela campanha – a EURO RSCG. (E o blog do Karlus não foi o único a merecer a atenção dos ‘bloggers anónimos’, tão rendidos às virtudes da campanha da empresa).
Há, neste exemplo, claramente duas observações distintas a fazer: a) os blogs já não são – à escala nacional – terreno dispensável numa operação deste tipo; b) a aproximação aos blogs não tomou em consideração o espaço individual e a sua identidade específica tratando tudo e todos de forma idêntica.
Há, em todo este caso, portanto, uma assombrosa dose de uma mistura explosiva – ingenuidade + soberba.
Escrevendo sobre o assunto, Paulo Querido, diz o seguinte:
As débeis tentativas de contra-marketing foram feitas de forma ingénua, tomando a blogosfera como um conjunto de imbecis sem meios de identificar a acção e se protegerem dela.
(…)
Não há massas na blogosfera nem comunicação vertical: há indivíduos que conversam. Ou se conversa com eles, ou não – a escolha é esta. Se se decide conversar, não se tratam todos por igual, dirigindo-se-lhes por tu e com uma linguagem infantil – sem reparar sequer que o blogger em questão tem mais de 30 anos, um ou dois graus académicos e alguns milhares de textos publicados.
Como refere ainda o Paulo Querido, um dos bloggers ‘atacados’ pelos anónimos, Bruno Ribeiro, rematou a sua experiência com um texto em que dá seis conselhos às empresas que queiram relacionar-se com blogs:
1. Se não conhece as regras do jogo, fique de fora a assistir.
2. Seja honesto e transparente.
3. Converse, não venda.
4. Relevância é a palavra-chave.
5. Os blogs não são mais um canal de marketing.
6. Respeite e será respeitado.
Sensato, não?