Está instalada a confusão quanto à informação sobre a real situação da circulação de jornais e revistas em Portugal. Se alguém quiser saber a posição concreta de um jornal pode obter três ou quatro números diferentes, todos eles provavelmente certos, mas ficar sem saber o significado no quadro geral dos dados publicados pela APCT.
Tomemos o caso do JN: diz o próprio jornal que entre Julho e Setembro as vendas subiram 4 por cento e que estavam, então, nos 96.632 exemplares de média diária. Vamos ao Público e o que nos diz ele? Sobre o JN diz-nos que regista 93.265 exemplares vendidos. Como assim? Claro: a base do cálculo é o período Janeiro a Setembro deste ano. Chegados ao Correio da Manhã, encontramos, para o mesmo JN, o número de 89 223 exemplares. E também está certo? Parece que sim. Só que o CM segue um outro critério: o número médio de exemplares vendidos em banca, no período de Janeiro a Setembro.
Mas como cada jornal adopta o critério que lhe interessa para enaltecer a sua posição relativa, o resultado é que o leitor acaba mal informado, porque ninguém lhe dá o quadro geral dos dados que permita ver o “mapa mundi”.
De três em três meses a situação repete-se. Já foi chamada a atenção para o problema várias vezes, mas nada se altera e a confusão até parece estar a crescer, justificando-se alguma diligência com vista ao entendimento dos media no plano da auto-regulação ou da co-regulação.
Confrontando as várias informações sobre os dados o que se conclui é que
– “A distribuição de jornais gratuitos quase duplicou em relação a 2006 (…) perfazendo uma circulação total de 611.213 exemplares, um crescimento de 82 por cento no segmento” [Público]
– “Os jornais gratuitos, as newsmagazines e os diários de economia são sectores em crescimento na imprensa portuguesa” [Público]
– “[O]s cinco diários generalistas pagos sofreram uma quebra de 2,1 por cento na circulação paga (…) dos 332.625 exemplares de circulação paga média de Janeiro a Setembro de 2006 para os 325.570 exemplares do período homólogo deste ano”. [Público]
– ” Relativamente à circulação paga no terceiro trimestre deste ano, face ao período homólogo de 2006, além do Diário de Notícias, só o Correio da Manhã e o Jornal de Notícias registaram subidas nas vendas de Julho a Agosto”[Diário de Notícias]
[Crédito da gravura: Quiosque Branco, de Maluda]