Na semana passada, a propósito da página especialmente criada pelo governo para apresentar a sua visão da visita do primeiro-ministro à China e perante a inédita (em Portugal) disponibilização de um blog nesse mesmo espaço, perguntámos aqui: Vai Sócrates blogar?
Terminada a visita, o espaço regista duas únicas entradas – assinadas por Rolando Borges Martins e Carlos Zorrinho – ambas com data de 30 de Janeiro mas só disponibilizadas aos leitores no dia 2 deste mês.
As duas distanciam-se de forma indescritível do registo que poderia esperar-se (discurso franco, personalização, informalidade) e, pelo tom – “A visita do Primeiro-Ministro à China tem constituído um relevante êxito político e económico” – fazem mais lembrar um press release escrito por alguém muito voluntarioso mas muito pouco experiente.
As impressões de viagem do próprio José Sócrates ficam, adivinha-se, para outra oportunidade.
Mas, em assim sendo, para que se criou o espaço?
Quem pensou tal estratégia?
E com que objectivos?
Acho que o espaço surgiu como resposta ao que aconteceu com o da presidência.
Teria sido preferível terem criado uma secção no sítio do governo, teria evitado criar um blog que apenas contou com dois posts.
Como sempre as ferramentas existem faltam é os conteúdos que as valorizam.
Já viste a agenda do PM? ele tinha lá tempo para escrever ! Sorte é ele ainda tar vivo!
Sócrates não deve ter visto este texto. A frase “A visita do Primeiro-Ministro à China tem constituído um relevante êxito político e económico” é um chavão mais do que batido, é indigente, sob a óptica do marketing político.
Dizer “muito voluntarioso mas muito pouco experiente” é um elogio generoso, porque aquilo é de uma pobreza aberrante. Felizmente, o “medium” não foi mensagem, nem notícia bacoca nas televisões, rádios e jornais. Já agora… Será que foi Manuel Pinho o autor dos posts?