A escandalosa contumácia do DN

dn-logo.jpg O que faz um jornal errar tantas vezes?, perguntava-se aqui, ontem, e com sobejos motivos, Madalena Oliveira, a propósito da contumácia do Diário de Notícias de continuar, irresponsavel e ostensivamente, e ao arrepio do Código Deontológico dos Jornalistas, a divulgar o nome de uma bebé de Viseu vítima de sevícias sexuais.

Sobre este assunto, bem pode o provedor do leitor daquele jornal criticar a orientação seguida, como o fez na sua coluna de 16 de Janeiro último. Os responsáveis do jornal deixam-no a “pregar” no deserto. Nem mesmo uma nova Direcção editorial, de quem se poderia e deveria esperar outra atitude, alterou a prática repetidamente seguida. Também aqui se deveria aplicar aquilo que ontem mesmo escrevia um jornalista do DN, para quem “a grande distinção entre um jornal de referência e um popular não está na escolha das notícias mas no seu tratamento.”

Quando praticamente todos os principais media arrepiaram caminho e, nesta saga que vem já de finais de 2005, deixaram de referir o nome da criança, o DN prosseguiu impávido no caminho traçado, com o notável argumento de que todos o fizeram e toda a gente já conhece o nome.

É este tipo de comportamentos que desacredita uma Redacção, um meio de informação e o próprio jornalismo. E é a impunidade deste tipo de comportamentos que espevita todas as vontades hetero-regulamentadoras que os jornalistas (e não só eles) verberam.

Este caso é ainda mais grave porque a maioria dos leitores está-se nas tintas para os direitos de uma criança que é assim pontapeada na praça pública, depois de ter sido maltratada em casa.

E não me venham com o argumento que este é um assunto menor. Não há assuntos de ‘menores’ – especialmente as vítimas de tragédias como o caso presente – que possam ser considerados assunto menor.